Ministro da Agricutura rebate imprensa internacional sobre trabalho escravo

 26/10/2006

Patrícia Araújo, do G1, em São Paulo

O ministro da Agricultura, Luiz Carlos Guedes Pinto, criticou nesta quarta-feira (25) a imprensa internacional, que vem fazendo ataques à produção agropecuária brasileira dizendo que ela só é competitiva porque se utiliza de trabalho escravo e destrói a floresta amazônica para crescer. Segundo o ministro, as acusações são ''levianas e inconseqüentes''.

''Esta é uma análise que não contribui para o desenvolvimento do País. Muitas vezes nós aqui no Brasil embarcamos nessas acusações, mas não podemos aceitar isso'', disse Guedes Pinto, durante a abertura da 4ª edição da BioFach América Latina, a maior feira de orgânicos do mundo, em São Paulo.

Segundo o ministro, os ataques à competitividade brasileira são uma forma de se criar uma nova barreira contra a produção agropecuária brasileira. ''Eles querem criar mais uma barreira. Como se não bastassem as taxas, cotas e restrições sofridas pelas exportações."

Para ele, as taxas alfandegárias cobradas pela União Européia já são bem mais altas que as brasileiras, que são de 20%, em média. Ele lembrou que a Europa paga subsídios a seus agricultores, o que prejudica o comércio mundial.

De acordo com Guedes Pinto, com relação à acusação sobre o trabalho forçado, um estudo feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) informou que o Brasil registrou 4.200 casos de trabalho forçado no ano passado, enquanto a União Européia registrou 12 milhões de casos. Já com relação à destruição da floresta amazônica, Luiz Guedes disse que a área devastada na Amazônia foi reduzida em 30% no ano passado.

''Nós brasileiros temos que preservar a Amazônia e quero deixar isso bem claro. Mas isso não quer dizer que o Brasil não possa expandir sua área cultivada. O Brasil pode dobrar sua área cultivada sem a necessidade de incorporar um metro quadrado de área preservada."

Segundo o ministro, o Brasil possui 850 milhões de hectares e atualmente 45 milhões de hectares são destinados a culturas anuais, 17 milhões a culturas permanentes e 220 milhões de hectares são de áreas de pastagem para a pecuária. ''Existe muito espaço ainda para expansão. A própria área destinada à pecuária é subaproveitada, já que 200 milhões de cabeças de gado estão distribuídas nos 220 milhões de hectares."

Mel
O ministro acrescentou ainda que o bloqueio internacional feito a alguns produtos brasileiros é errado. Citando a suspensão às importações de mel pela União Européia (UE) desde março deste ano, Guedes disse que o mel brasileiro é considerado pelo próprio consumidor europeu como ''o melhor do mundo''.

O ministro afirmou ainda que até o início do próximo ano as exportações de mel para a Europa devem ser retomadas. Quanto ao caso da febre aftosa, em que municípios brasileiros estiveram envolvidos no início deste ano, Guedes argumentou que o boicote é feito ao gado nacional porque ''o nosso boi é orgânico, é por isso que nos combatem tanto. Ele é solto no pasto, não oferece riscos de vaca louca. Já a aftosa não é transmitida para os humanos''.

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