O grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego libertou, na última quarta-feira (8), 20 trabalhadores que se encontravam em situação análoga à escravidão. Dez deles prestavam serviços para a fazenda Presidente Nereu, de propriedade de Hélio Bussi, e o restante trabalhava em uma fazenda sem nome, de Cleiton Bortolini.
As pessoas libertadas vinham de regiões próximas a União do Sul, e trabalhavam no roço de pasto e plantio de capim. De acordo com o auditor fiscal do trabalho e coordenador da ação, Dercides Pires da Silva, elas estavam alojadas sob barracos de plástico e trabalhavam sem equipamento de proteção. Em um dos locais, os trabalhadores bebiam da mesma água que o gado, num açude onde os animais entravam. Na operação, a Polícia Federal também apreendeu três armas.
A fiscalização constatou que as fazendas estavam retendo salários. Dois trabalhadores haviam deixado o local após quatro meses de trabalho, e não haviam recebido nada. "Eles contaram que quem quisesse sair, tinha que sair sem receber. Trabalhar enquanto o gato quisesse", conta Dercides. As fazendas ficavam a 120 km da vila mais próxima, ligada por uma estrada de terra lamacenta e esburacada.
Nesta segunda-feira (13), os trabalhadores da fazenda de Cleiton Bortolini receberam, ao todo, R$ 17 mil pelas rescisões contratuais. Em acordo realizado com o Ministério Público do Trabalho (MPT), que também participou da ação, o fazendeiro teve que pagar ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) R$ 17 mil a título de danos morais individuais, e mais R$ 28 mil por danos morais coletivos.
Está previsto para esta terça-feira (14) o acerto com as pessoas que trabalhavam para Hélio Bussi, na fazenda Presidente Nereu. Elas devem receber, no total, R$ 62 mil pela rescisão contratual, e Bussi terá que pagar mais R$ 140 mil ao FAT se também fizer acordo com o MPT. Caso se negue a fazer esse acordo, o MPT poderá entrar com uma ação na Justiça do Trabalho para exigir o pagamento.