PRF combate o tráfico de gente

 23/11/2006

Policiais rodoviários participaram ontem do Seminário Regional de Combate ao Tráfico de Pessoas

Pelo menos 276 casos de tráfico de pessoas foram registrados no Rio Grande do Norte nos últimos dois anos. Entre janeiro de 2005 e o atual mês de novembro, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) interceptou cerca de 200 casos de transporte para o trabalho escravo e apreendeu 76 menores em pontos de exploração sexual. Isso sem contar os casos de adoção ilegal e exploração internacional de mulheres, que não estão contabilizados pelo órgão.

Os dados da PRF no Estado retratam a situação de um tipo de tráfico que perde apenas para as drogas e as armas. Diante dos índices – e tendo em vista a importância da PRF na repressão ao tráfico – um trabalho conjunto com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) está oferecendo aos policiais rodoviários o Seminário Regional de Combate ao Tráfico de Pessoas, com palestram de aperfeiçoamento na repressão a esse tipo de crime.

O seminário segue até hoje no Centro de Treinamento João Paulo II da Arquidiocese de Natal. Ontem, primeiro dia do evento, os policiais rodoviários contaram com palestras da procuradora-chefe do Ministério Público Federal, Cibele Benevide; do procurador Regional do Trabalho, José de Lima Ramos Pereira; e do delegado de Combate ao Crime Organizado, Rômulo Berredo.

De acordo com o representante da Superintendência Regional da PRF, inspetor Henrique Pessoa, o seminário vai dar aos policiais a oportunidade de saber identificar esse tipo de crime e aperfeiçoar as proviências a serem tomadas. ‘‘Como nós trabalhamos exatamente nos locais de escoamento de trabalho escravo e em pontos de exploração sexual, é importante o policial rodoviário saber de qual crime se trata e para onde encaminhar as vítimas'', explicou.

Para se ter uma idéia da situação do tráfico de pessoas no Estado, a PRF tem mapeado nas rodovias federais 18 pontos de exploração sexual. ‘‘São geralmente crianças, adolescentes e mulheres que migram de lugares em situação de risco e acabam vítimas do tráfico de pessoas'', revelou o inspetor Henrique Pessoa. Em 2005, foram 41 apreensões de menores; e este ano, 35.

Com relação ao trabalho escravo, o inspetor disse que a PRF também tem mapeado alguns locais que funcionam como ponto de partida para o transporte de trabalhadores para outros estados, geralmente para a região Centro-Oeste. ‘‘A gente conseguiu fazer um mapeamento a partir dos próprios exploradores, que anunciam na rádio a falsa oportunidade'', revelou. Ele acrescentou que no Brasil, o trabalho escravo aumentou 100% de 2005 para 2006.

A procuradora Cibele Benevides, cuja atuação está relacionada ao tráfico internacional, apontou a Operação Corona – quadrilha de traficantes italianos, desbaratada no final do ano passado, que faziam o interâmbio de mulheres com a prostituição européia – como sendo o caso mais simbólico do tema no âmbito do Ministério Público. ‘‘Essa é uma questão que desperta a atenção de todos os órgãos federais'', afirmou.

Cibele Benevides lembrou a divulgação do tema é importante para esclarecer a situação de vítimas e acusados. ‘‘Num primeiro momento, as vítimas do tráfico internacional eram tratadas como criminosas'', disse, se referindo a mulheres vítimas da exploração sexual interncional. Ela acrescentou que, ao contrário do que muitos pensam, também existe a exploração de homens, tanto homossexuais como heterossexuais.

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