De olho

PRF intercepta no Piauí ônibus de trabalhadores sem registro

Peões saíram de Pedro Alexandre (BA) e estavam sendo transportados para fazer o roço do pasto em fazenda do município de Dom Eliseu (PA), região com alto índice de trabalho escravo, quando foram abordados pela Polícia Rodoviária Federal
Por Beatriz Camargo
 27/11/2006

A Polícia Rodoviária Federal (PFR) interceptou neste sábado (25) um microônibus que transportava 15 trabalhadores de forma irregular na BR-316, Sul do Piauí. Nenhum deles tinha sua carteira de trabalho assinada – condição exigida para que o transporte seja legal.

Eles foram recrutados na cidade de Pedro Alexandre, na Bahia, e estavam sendo levados para a fazenda Mandaraí, em Dom Eliseu, município do Sudeste do Estado do Pará, próximo à fronteira com o Maranhão. A região tem altos índices de trabalho escravo, principalmente nas atividades de pecuária e de produção de carvão vegetal.

A Delegacia Regional do Trabalho do Piauí (DRT-PI) entrou em contato com o fazendeiro, que concordou em contratar formalmente os 15 peões, com carteira assinada. Com os contratos, a Delegacia fez uma certidão liberatória, que autoriza o transporte interestadual dos trabalhadores e o microônibus deveria seguir viagem ainda na segunda (27). Além dos empregados, havia dois motoristas no veículo, que se revezavam no volante.

De olho
O transporte irregular de trabalhadores é um dos primeiros elos de uma cadeia de eventos que pode levar à escravidão. Por isso, ele está sendo combatido por equipes do Ministério do Trabalho e Emprego, Delegacias Regionais do Trabalho e Polícia Rodoviária Federal.

Soraya Lima Fernandes, chefe das fiscalizações da DRT-PI, explica que só é possível concluir que uma pessoa é aliciada para o trabalho escravo ou degradante quando ela chega ao destino e constata que foi enganada com relação às condições oferecidas.

"Nós estamos dando uma certidão liberatória [o que autoriza o veículo a concluir seu trajeto dentro da Lei], mas vamos entrar em contato com a Delegacia do Trabalho mais próxima de Dom Eliseu, em Marabá, para verificar se as condições dadas aos trabalhadores na fazenda são as mesmas do contrato", explica Fernandes. "A nossa preocupação é com a região, que é perigosa. Por isso queremos garantir que vai haver fiscalização."

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