Nesta quinta-feira (18), uma comissão liderada pelo superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Tocantins, José Roberto Ribeiro Forzani, visitou as 73 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Acampamento Alto da Paz, em Araguatins (TO). Há dez dias elas temem ser atacadas por supostos pistoleiros da Fazenda Santo Hilário, a 10 quilômetros, que estariam armados com espingardas de calibre 12, rifles e carabinas.
"O clima no acampamento é de apreensão, mas a visita da comissão trouxe mais segurança aos trabalhadores rurais", avalia Forzani. Acompanhavam o superintendente o chefe da unidade avançada do Incra em Araguatins (TO), Ismael Gomes Marinho, o procurador da república João Gabriel de Queiroz e agentes da Polícia Federal (PF).
"Não entramos na fazenda Santo Hilário, mas os agentes da Polícia Federal colheram dados e fotos tiradas pelos acampados que trazem fortes indícios da presença de pessoas armadas lá", diz Forzani. As fotos foram tiradas em 2006, e, segundo os trabalhadores rurais, algumas das pessoas identificadas nelas são as mesmas que agora estão na sede da Santo Hilário.
O conflito no local existe desde a formação do acampamento, em 2003. O mais recente foco de tensões começou no último dia 9, quando cerca de 15 homens foram vistos na sede da fazenda aguardando reforços para invadir e destruir o Alto da Paz. No mesmo dia, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Araguaína (TO) alertou o Ministério Público Federal do Tocantins, o Incra e a Ouvidoria Agrária sobre o perigo de um enfrentamento iminente.
Os trabalhadores reivindicam ser assentados na Santo Hilário, propriedade que, segundo a CPT, possui situação fundiária irregular. Além disso, em agosto de 2004, um grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego encontrou na fazenda seis pessoas vivendo em condições análogas à de escravo.
Segundo Forzani, o Incra está oferecendo outra área para assentar as famílias do MST, a 20 quilômetros da Fazenda Santo Hilário, como tentativa de encerrar o conflito. Mas a entidade aguarda a publicação do decreto de desapropriação para dar andamento ao processo de assentamento – o que ainda não tem prazo para acontecer.
Enquanto isso, a PF fará um relatório a respeito do que foi investigado durante a visita de quinta-feira ao acampamento e encaminhará cópias ao Ministério Público do Estado, ao Ministério Público Federal, à Secretaria Estadual de Segurança Pública e à Polícia Militar.
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