Trabalho Escravo

Ação liberta mais oito escravos no Sudeste paraense

Porte ilegal de armas e desmatamento irregular também foram encontrados na Fazenda Santa Tereza, em São Félix do Xingu (PA). Eles bebiam e cozinhavam com a mesma água onde o gado se banhava
Por Claudia Carmello
 14/02/2007

Oito trabalhadores foram encontrados no último sábado, dia 10, em condições análogas à de escravos na fazenda Santa Tereza, no município de São Felix do Xingu (PA).

Todos foram aliciados na região de Imperatriz, no Maranhão, e estavam desde outubro de 2006 trabalhando sem nenhum salário, roçando pasto e construindo cercas. Não havia qualquer equipamento de proteção individual, nem água potável. Eles bebiam e cozinhavam com a mesma água onde o gado se banhava. Além disso, dormiam em barracos de lona, sem paredes ou chão. "Nessa época de chuva as condições eram piores, pois os barracos estavam cheios de água dentro", contou o auditor fiscal Humberto Célio Pereira, coordenador da ação.

Além da retenção de salários, os trabalhadores não tinham como sair da fazenda por culpa de sua localização remota – a 110 quilômetros do centro urbano de São Félix – e pela dívida fraudulenta que possuiam na cantina da propriedade, onde eram vendidos alimentos, botinas ou sabonetes a preços muito acima dos praticados no mercado.

Some-se a isso a vigilância velada praticada pelos seguranças da fazenda: a Polícia Federal apreendeu na propriedade três carabinas calibre 12 e dois revólveres calibre 38, além de muita munição.

O gerente da fazenda, Linduíno de Souza Sobrinho, só não foi detido porque fugiu no momento da chegada do grupo de fiscalização. "Encontramos também desmatamento ilegal na área da fazenda, que é na verdade propriedade do Estado, terra devoluta, assim como a maioria na região", disse Humberto.
A fazenda de criação de gado é explorada pelo pecuarista Benedito Neto Farias, de Palmas (TO). Seu advogado compareceu a São Félix do Xingu na segunda, dia 12, para pagar as verbas rescisórias de R$ 26.355,00.

A mesma ação de fiscalização já havia libertado 20 escravos em outra fazenda do sudeste paraense, a Fazenda Iraque, em Eldorado dos Carajás, no último dia 6.

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