O grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) libertou, no último sábado (17), 78 trabalhadores que se encontravam em situação análoga à escravidão. Eles plantavam capim e faziam o roço do pasto em duas fazendas no Noroeste do Maranhão.
Alojados em barracos de palha e lona junto com porcos, galinhas e cachorros, os 32 trabalhadores da fazenda Canaã, no município de Bom Jesus, caminhavam cerca de seis quilômetros por terrenos íngremes para conseguir chegar ao trabalho.
A situação dos 46 trabalhadores da fazenda Mirabela II, localizada no município de Santa Luzia, não era melhor. Eles dormiam em um curral de carneiros e bodes. "Eles armavam suas redes em cima das fezes dos animais. Eles tinham que pisar no cocô para poder se deitar nas redes", conta o auditor fiscal do trabalho e chefe da ação de fiscalização, Carlos Henrique Oliveira. Entre as pessoas resgatadas estavam dois jovens com menos de 16 anos.
De acordo com o auditor, havia um abismo entre a tecnologia utilizada na criação dos animais e as condições dos trabalhadores – a fiscalização teve que passar por diversas cercas elétricas para chegar até os alojamentos. "Eles tinham essas estruturas caríssimas, mas em relação aos empregados a situação era precária."
Em ambas as fazendas havia uma cantina que vendia gêneros básicos aos trabalhadores. Fumo, sabão, arroz, feijão, lanternas e pilhas eram oferecidos por preços superiores aos aplicados na região e a dívida dos empregados era anotada em uma caderneta para ser descontada do salário no final do mês.
A fazenda Canaã foi obrigada a desembolsar R$ 45 mil na rescisão do contrato com os trabalhadores, enquanto a Mirabella II gastou R$ 40 mil. O nome dos proprietários não foi divulgado pelo MTE.