Grupo “Quagliato”: teriam os “Reis do Gado” partido para a pistolagem em terras federais?

 15/02/2007

Conforme é de conhecimento público, desde o dia 08 de março de 2006, um grupo de mais de 200 trabalhadores rurais sem terra organizados pelo MST ocuparam a Fazenda Rio Vermelho, Município de Sapucaia, Sul do Pará, supostamente de propriedade do "Grupo Quagliato", conhecido nacionalmente como os "Reis do Gado".

Imediatamente os fazendeiros entraram com uma ação judicial na Vara Agrária de Marabá para retirar os agricultores e poucos dias depois obtiveram uma medida liminar, tendo sido o despejo realizado no dia 27 subseqüente.

Quatro meses depois, como um ato de resistência, o acampamento foi reorganizado novamente na área da Fazenda Rio Vermelho, onde permanece até hoje, com cerca de 400 famílias já produzindo e com uma escola de Ensino Fundamental em funcionamento, atendendo mais de 100 crianças e jovens.

Quanto à decisão liminar, foi reconsiderada e reformulada, em parte, pelo mesmo Juiz que a concedeu.

Neste intervalo de tempo de aproximadamente 01 ano, o poderoso "Grupo Quagliato", com a sua competente equipe de advogados não foi capaz de demonstrar seu legitimo direito de propriedade sobre a totalidade da área que compõe a Fazenda, nem tampouco logrou retirar as famílias da terra através dos mecanismos legais.

Inicialmente o INCRA de Marabá elaborou um mapa demonstrando que 30.000ha pertenceria à União Federal. Depois, por motivos ignorados, voltou atrás afirmando que seriam apenas algumas centenas de hectares. Posteriormente, porém admitiu girar em torno de 2.000ha a parte não titulada. Já no final de 2006, a pedido dos advogados da Comissão Pastoral da Terra, a Procuradoria Geral do INCRA de Brasília passou a analisar o caso e até agora ainda não chegou a uma conclusão definitiva acerca da legalidade dos documentos. Portanto, qual é o tamanho da área pertencente à União que o "Grupo Quagliato" apropriou-se indevidamente?

O certo é que no inicio deste ano de 2007 alguns indivíduos armados infiltraram-se no Acampamento para aterrorizar os trabalhadores, no intuito de convencê-los a sair da terra. Apresentando-se como pistoleiros e emissários do fazendeiro Roque Quagliato ofereceram dinheiro para algumas famílias deixarem a área, ameaçando lideranças de seqüestro seguido de morte, caso não lograssem esvaziar o local. Tais ameaças repetiram-se inúmeras vezes nessas últimas semanas e foram testemunhadas por diversas pessoas, que fizeram um Boletim de Ocorrência Policial na Delegacia de Xinguara.

Nesse contexto, indaga-se: para quem os sem terra do Acampamento João Canuto representam um sério problema? Quem, além do "Grupo Quagliato" teria interesse de amedrontá-los a tal ponto que os fizesse abandonar a área? Quem estaria disposto a pagar em troca da retirada das famílias? De acordo com os indivíduos infiltrados no Acampamento, teria sido o fazendeiro Roque Quagliato.

Urge, portanto, que o INCRA regularize a situação das famílias do Acampamento João Canuto, identificando o quanto antes a parte da Fazenda pertencente à União e destinando-a à Reforma Agrária o mais rápido possível.

APOIE

A REPÓRTER BRASIL

Sua contribuição permite que a gente continue revelando o que muita gente faz de tudo para esconder

LEIA TAMBÉM