60 famílias despejadas brutalmente na Semana Santa

 15/04/2007

A Comissão Pastoral da Terra do Alto-Xingu lamenta o despejo ocorrido no dia 03 e 04 de abril da Semana Santa na Fazenda "Terra Roxa" (Fazenda São Felix), Município de São Felix do Xingu, Sul do Pará.

Foram despejadas brutalmente mais de 60 famílias que já estavam há um ano e cinco meses acampadas. As famílias vieram dos Estados do Pará, do Goiás, da Bahia e com maioria do estado do Maranhão em procura por um pedaço de terra para sobreviver.

Vieram para a fazenda Terra Roxa, ocuparam a beira da estrada e que já tinham feitos duas roças grandes de 06 alqueires com muitas plantações e arroz e feijão já recolhido.

Os trabalhadores, que estão agora depois do despejo com mais de 95 pessoas adultos e 30 crianças hospedados no centro Nazaré (centro de formação da paróquia de São Felix), relataram:

" Lá é uma fazenda muito grande, são 3.600 alqueires de terra, é terra demais, o gado da fazenda nem chegava perto do capim do lugar que a gente estava, fomos nos que transformamos aquelas terras improdutivas em terras que produzem alimentos para a gente comer.

No dia 03/04/07, fomos todos surpreendidos em nossos barracos lá na Fazenda terra Roxa, por 05 policiais da policia civil e um oficial de justiça, que leu o mandato e foi logo mandando a gente se retirar imediatamente dos barracos que ficavam na beira da estrada. A gente não sabia de nada daquilo que estava acontecendo , e eles chegaram sem explicar nada […]E diante disso saímos feito cachorro, sem direito a nada, vendo as coisas de tudo mundo ficar pra trás, sem poder pegar. […]Eu vi tudo o que eles fizeram com nossos barracos, nossa produção, animais domésticos e as criações, eles juntaram tudo com um trator, fizeram um monte grande com as nossas coisas, inclusive os animais, botaram fogo em tudo e passaram com o trator por cima de tudo até dos animais!"

Neste episodio lamentável percebe-se que a Vara Agrária de Redenção foi imprudente, precipitada, irresponsável e desumana, tendo demonstrando parcialidade e despreparo, vez que sequer oficiou à autoridade competente requisitando efetivo policial devidamente autorizado para acompanhar o Oficial de Justiça na realização de despejo. Por sua vez, a Policia Civil agiu criminosamente, revelando sua total conivência com o fazendeiro e seu despreparo absoluto no relacionamento com a comunidade.

Diante desses fatos, a CPT:
• Denuncia o caráter arbitrário e violento deste despejo durante a Semana Santa;
• Exige:

a) Que o INCRA e o ITERPA verifiquem imediatamente a real situação da Fazenda Terra Roxa, se devidamente titulada e se os títulos são autênticos. Salientamos que o referido imóvel encontra-se localizado numa região de enorme incidência de grilagem de terras públicas, o que causou inclusive a intervenção do Cartório do Município;
b) A averiguação imediata se a mencionada Fazenda cumpre sua função social, para o fim de desapropriá-la destinando-a ao assentamento das famílias;
c) A apuração rigorosa da conduta dos policiais civis envolvidos na operação para que sejam responsabilizados pelas ilegalidades cometidas.

Tucumã, 14 de Abril de 2007

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