Posseiro é denunciado por trabalho degradante e desmate ilegal

 11/05/2007

Nove trabalhadores foram resgatados por fiscais da DRT e PF

Val Sales

A Delegacia Regional do Trabalho (DRT), em parceria com o Ibama e a Polícia Federal, fez o resgate de nove homens que eram vítimas de trabalho degradante em uma área de floresta situada na margem do rio Antimarí, na zona rural do município amazonense de Boca do Acre.

A auditora fiscal da DRT, Nilres de Souza, junto com os demais agentes, constatou no local a derrubada de 110 hectares de mata virgem, cujo fazendeiro, Tácio Juliano de Souza, apontado como proprietário, não apresentou qualquer documento de posse, o que fez com que os fiscais deduzissem que se trata de terras da União.

Segundo Nilres, essa não é a primeira vez que a delegacia atende denúncia de abuso cometido por posseiros na região. Na ocorrência anterior foram constatadas mortes de mateiros que foram vítimas da derrubada, sendo que o corpo de um deles foi jogado na porta da viúva e outro foi enterrado como indigente. Nesse caso, o fazendeiro foi preso e continua detido no Estado do Amazonas.

Hoje, por volta das 9 horas, os trabalhadores que foram retirados da área da margem do Antimari serão novamente ouvidos na DRT. "Estamos nos reunindo com os trabalhadores para a entrega dos formulários do seguro-desemprego e vamos marcar mais uma vez com o fazendeiro para que ele pague o restante das verbas rescisórias, já que até agora só foi pago um adiantamento", explicou Nilres.

A auditora lembrou ainda que logo que o relatório fique pronto o Ministério Público irá entrar com representação contra o fazendeiro Tácio Juliano. "O Ministério do Trabalho é quem distribui a cópia do processo para a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Trabalho", acrescentou.

A ação criminal será impetrada logo após a analise do material. "Uma ação civil pública certamente será impetrada no MPT", assegurou. O acesso ao local do desmatamento foi feito com a ajuda de um helicóptero, cedido para fim de fiscalização.

Os nove homens que foram encontrados na área não tinham como sair do local pela falta de uma canoa, já que o único acesso é via fluvial. A maioria já entrou na empreitada devendo ao patrão a cesta básica deixada para suas famílias.

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