Reforma Ambiental

Protesto contra divisão do Ibama fecha Parque Nacional por 2 horas

Entrada de visitantes no parque nacional mais visitado do Brasil, que abriga as Cataratas do Iguaçu, foi bloqueada. Funcionários do Ibama protestam contra medida que divide o órgão ambiental e institui o Instituto Chico Mendes
Por Beatriz Camargo
 19/06/2007

Em protesto contra a Medida Provisória (MP) 366/07, servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) fecharam por duas horas, nesta terça (19), o Parque Nacional do Iguaçu, em Foz do Iguaçu, no Paraná. Os manifestantes mantêm uma greve por tempo indeterminado desde 14 de maio em função da discordância com relação à divisão do órgão ambiental federal e à criação do novo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, que assumiu a tarefa – antes sob a alçada do Ibama – de gerir as Unidades de Conservação (UCs) do país.

O fechamento do parque teve início às 14h e foi mantido até às 16h. De acordo com os servidores que participaram do ato, cerca de 300 pessoas não conseguiram entrar na área de preservação por causa do protesto organizado pela Associação dos Servidores do Ibama (Asibama). O Parque Nacional do Iguaçu abriga as famosas Cataratas do Iguaçu, recebe cerca de 1 milhão de visitantes por ano e detém o título de UC mais visitada do Brasil. Uma das maiores reservas florestais da América do Sul, a área recebeu o título de Patrimônio Mundial Natural da Humanidade no ano de 1986.

O imbróglio à atividade turística foi a forma encontrada pelos manifestantes de chamar a atenção da sociedade para as conseqüências prejudiciais que eles prevêem caso a reforma do setor ambiental proposta pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) seja definitivamente aprovada no Congresso. Segundo Jonas Corrêa, presidente da Asibama Nacional, "se a medida for implementada, as unidades de conservação ficarão isoladas de outras políticas públicas voltadas a proteção ambiental".

A decisão de fechar o parque se deu durante o 5º Congresso Brasileiro de UCs, que começou no último domingo (17) e segue até quinta (21) em Foz do Iguaçu. Os gerentes das UCs presentes realizaram uma assembléia em que decidiram que "era preciso alertar a sociedade para o problema", descreve Jonas. Na assembléia também foi redigida uma carta, chamada de "Carta da Foz", em que os servidores apresentam vários problemas da medida provisória em questão.

Foram entregues panfletos às pessoas que tiveram que aguardar o encerramento do protesto para entrar no parque, pedindo inclusive pressão sob senadores para que a MP 366/07 não seja ratificada. A matéria já foi aprovada no Plenário da Câmara na terça passada (12) e agora será apreciada no Senado.

"Essa decisão [de dividir o Ibama] é uma aventura, é uma irresponsabilidade. E quem está dizendo isso são as pessoas que vão implementar localmente essa medida", complementa o presidente da Asibama Nacional. A paralisação no Parque Nacional do Iguaçu faz parte de uma série de ações que estão sendo programadas nos próximos dias em continuidade aos protestos contra a decisão do governo federal de modificar a estrutura ambiental.

Leia também:
Especial sobre a reforma dos órgãos ambientais

APOIE

A REPÓRTER BRASIL

Sua contribuição permite que a gente continue revelando o que muita gente faz de tudo para esconder

LEIA TAMBÉM