Imigração

Diários do Paquistão: cara de terrorista

Não fui o primeiro nem serei o último a ser rejeitado pelos súditos da rainha. Mas, com certeza, tem um quê de paranóia pós-11 de setembro nessa recusa.
Por Leonardo Sakamoto
 18/08/2007

Islamabad – Gostaria de fazer um pequeno flash back para contar algo pitoresco. No caminho para cá, fui impedido de entrar na Inglaterra.

"Por que e para que o senhor está indo para o Paquistão?; Que interesse teria um brasileiro no Paquistão?; O que o senhor foi fazer em Frankfurt no ano passado? Trocar experiências sobre o combate ao trabalho escravo? Sei…; O senhor tem alguma prova disso que está me dizendo?"

No final, optaram, educamente, pela minha não-saída da área de embarque do aeroporto de Heatrow.

A sacanagem não está no tempo, foram apenas algumas horas até a conexão, mas a intenção. Não fui o primeiro nem serei o último a ser rejeitado pelos súditos da rainha. Mas, com certeza, tem um quê de paranóia pós-11 de setembro nessa recusa.

OK, a favor deles está o fato que um sujeito com cara de indonésio e passaporte brasileiro indo para o Paquistão para discutir trabalho escravo soa mais como desculpa esfarrapada para alguma coisa ilegal. O que talvez seja reforçado pelo fato de meu companheiro de viagem, o francês Xavier Plassat, ter passado direto pela imigração paquistanesa, enquanto eu tive que esperar… e responder perguntas.

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