Patrícia Souto Audi, coordenadora do projeto de Combate ao Trabalho Escravo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil entre 2002 e este ano, recebeu o Prêmio Claudia, na categoria Trabalho Social, no último dia 29 de outubro, em cerimônia realizada em São Paulo (SP).
Desde 1996, a revista homenageia mulheres que tenham contribuído para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Durante os quase cinco anos em que coordenou o projeto da OIT, Patrícia ajudou a mudar a realidade das dezenas de milhares de pessoas que vivem em condições análogas ao trabalho escravo no Brasil, apoiando projetos de prevenção e repressão à escravidão, atuando pela aprovação de leis que ajudariam a resolver o problema e divulgando o tema por todo o país.
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Patricia trabalhou na OIT (Foto: Divulgação) |
Ela foi uma das responsáveis pela elaboração do Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo, lançado em março de 2003, com 76 metas para enfrentar o problema, e do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, assinado por mais de 100 empresas e associações com o compromisso de não mais comprar e revender produtos oriundos de empregadores flagradas com essa prática que constam da "lista suja" do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Na cerimônia, que aconteceu na Sala São Paulo, na capital paulista, Patrícia chamou a atenção da platéia para a situação de trabalhadores que, aliciados em municípios pobres e levados a milhares de quilômetros de distância, sofrem com o acúmulo de dívidas. Alguns deles morrem em acidentes ou tentando fugir das condições desumanas. Ela enfatizou que a prática não é apenas uma violação trabalhista, mas um crime contra a liberdade e a dignidade de milhares de pessoas.
Em seu discurso, Patrícia também homenageou outras mulheres, como a irmã Dorothy Stang, assassinada no Pará – a quem a platéia aplaudiu de pé – e mulheres de sua família, como sua mãe e sua avó. "Os valores que elas me passaram na infância não permitiram que eu ficasse impassível diante de uma barbaridade dessas", disse. E principalmente sua filha: "cujo tempo em que não estive com ela, permitiu que eu me dedicasse a esse trabalho".
As outras quatro vencedoras desta edição foram: Mercedes Bustamante, da categoria Ciência, por seu trabalho com o manejo e preservação de áreas nativas; Laís Bodanzky, em Cultura, pelo projeto Cine TelaBrasil, que leva filmes ao interior; Magrid Teske, por sua atuação no mercado de fitoterápicos e Ivete Sacramento, primeira mulher negra a ser nomeada reitora de uma universidade, na categoria políticas públicas.