Um imenso palco coloriu o Viaduto do Chá, no centro de São Paulo, na tarde deste sábado (26). Quatro grupos, cada um vestido de uma cor e representando conjuntos de reivindicações, uniram-se em frente à prefeitura da cidade e encenaram uma peça em que movimentos sociais combatiam o "Império".
Grupos coloridos representaram diferentes reivindicações sociais e se enfrantaram simbolicamente no teatro a céu aberto promovido no Dia de Mobilização e Ação Global em São Paulo |
A encenação, baseada na peça Rei Lear, do escritor William Shakespeare, teve como atores centenas de integrantes de organizações da sociedade civil, e fez parte do Dia de Mobilização e Ação Global – versão descentralizada do Fórum Social Mundial em 2008.
Sem palanques nem discursos longos, o jeito alegre e criativo de manifestação organizada pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) – que reúne, entre outras entidades, a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) – se deu sob o ritmo de gritos de guerra e confrontos encenados, em que cada grupo mostrava ao outro suas reivindicações.
O espírito lúdico, porém, não ofuscou o tom de protesto: "Estamos representando um papel que encenamos em todos os dias da nossa vida", conta Kika Silva, da Marcha Mundial das Mulheres (MMM).
"Fazer teatro é saúde coletiva. E o teatro de rua é o mais digno, pois não passa pela bilheteria. Quem quiser, fica, quem não quer, vai embora", afirma Graça Cremon, produtora cultural que coordenou a peça.
Grupos coloridos
O espetáculo começou com a concentração dos grupos em torno da sede da Prefeitura de São Paulo. De amarelo, mulheres e negros representavam as minorias. Sindicalistas e estudantes vestiam-se de azul, defendendo os direitos trabalhistas e a reforma da educação. De vermelho, os movimentos sociais ligados ao campo reclamavam a reforma agrária e a soberania energética. Em frente à prefeitura, um grupo de branco representava os ícones capitalistas, como o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e corporações multinacionais.
Após treinarem seus gritos de guerra e discutirem suas reivindicações, os grupos se juntaram em confrontos simbólicos sobre o Viaduto do Chá. A peça terminou com o ataque – nem tão simbólico assim – de bexigas d´água coloridas sobre o grupo branco, além da queima de um boneco do presidente Bush.
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