Trabalho escravo em Cancún e na Riviera Maia

 09/01/2008

Denúncia de organizações humanitárias do México apontam que milhares de camponeses estão sendo empregados em condições análogas à de escravidão na construção de luxuosos hotéis nos redutos de veraneio de Cancún e Riviera Maia, estado de Quintana Roo, na fronteira do México com Belize.

Os pedreiros, vindos de zonas rurais dos estados de Chiapas, Veracruz e Tabasco, trabalham sem seguro médico, com jornadas muito acima das 8 horas diárias definidas por lei, e recebem salários baixíssimos, segundo denunciou nesta quarta-feira (9) o jornal mexicano El Universal.

Os trabalhadores em questão, diz o jornal, "constroem os hotéis mais caros do país em Cancún e na Riviera Maia, onde não poderão nunca se hospedar, nem em sonho".
 
A matéria cita o documento "Problemática dos trabalhadores migrantes sazonais, provenientes de Chiapas e da zona norte de Quintana Roo", encomendado pela organização humanitária católica Cáritas em Chiapas.

O relatório indica que os trabalhadores da valorizada costa do Caribe são "expulsos pelos fortes problemas econômicos que atravessam" suas comunidades. Seus salários nessas regiões turísticas variam entre US$370 a US$500, mas têm elevados custos de vida e enviam dinheiro às suas famílias.

Essas pessoas trabalham temporariamente – por três ou quatro meses – e voltam às suas comunidades com problemas ligados ao alcoolismo ou enfermidades.

Em sua maioria, estes chiapanecos são indígenas maias das regiões de Chilón, Ocosingo, San Cristóbal de la Casas ou Simojovel, e não falam espanhol, apenas línguas como o tzeltal, tzotzil, tojolabal, chol e zoque.

Os imigrantes "perdem identidade e esquecem seus costumes e tradições", aponta o documento.

Em Cancún e na Riviera Maia, se hospedam em galpões insalubres ou em parques públicos, comem alimentos de baixa qualidade, não têm nenhum tipo de recreação e estão expostos à transmissão de doenças como a Aids pelo contato com prostitutas, de acordo com o relatório.

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