Cana-de-açúcar II

Força-tarefa do Ministério Público do Trabalho resgata mais 200

Fiscalização ocorreu nas usinas Capricho e Sumaúma, do Grupo Toledo. Na mesma operação, fiscais já haviam encontrado mais de 450 trabalhadores em condições degradantes em outras duas empresas do setor canavieiro alagoano
Por Iberê Thenório
 28/02/2008

Cerca de 200 pessoas que trabalhavam em condição degradante foram encontradas no início desta semana em duas usinas de cana em Alagoas. Com esse resgate, já são mais de 650 trabalhadores flagrados em situação semelhante na mesma operação de fiscalização realizada pelo grupo móvel do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em Alagoas.

Os resgates ocorreram na Usina Capricho, no município de Cajueiro (AL), e na Usina Sumaúma, em Marechal Deodoro (AL). Os dois empreendimentos fazem parte do Grupo Toledo, pertencente à uma família centenária do estado. Segundo definição do próprio site do grupo, "A Família Toledo cultiva cana-de-açúcar desde tempos brasileiros imemoriais".

De acordo com o procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT) Rodrigo Carelli, que participou das fiscalizações, a condição dos alojamentos era precária, e faltavam equipamentos básicos aos trabalhadores. "A questão é bem complicada nessas usinas quanto ao alojamento dos trabalhadores, que estão em condições bem insatisfatórias. Além disso, eles passam horas dentro do ônibus para ir ao trabalho, e chegam exaustos. Não há quase nenhum equipamento de proteção individual (EPI), e os que estão disponíveis são velhos e inapropriados, fora das especificações", relata.

Com o objetivo de verificar irregularidades no setor sucroalcooleiro, o MPT criou uma força-tarefa. Em geral, apenas um representante da instituição – juntamente com um auditor fiscal do Trabalho e agentes da Polícia Federal (PF) para garantir a segurança – participa das operações do grupo móvel. Em Alagoas, são oito. "Estamos começando por Alagoas, mas vamos expandir para outros estados que também têm esse tipo de problema.", conta Rodrigo.

De acordo com nota divulgada pelo MTE, fiscais negociam o pagamento da rescisão contratual dos 200 trabalhadores alojados em condições degradantes.

Grandes produtores
No final da semana passada, a operação em Alagoas já havia flagrado mais de 450 pessoas trabalhando sob péssimas condições. Na usina Laginha, que fica em União dos Palmares (AL) e faz parte do Grupo João Lyra, foram encontrados 53 trabalhadores em situação degradante. Na Santa Clotilde, no município de Rio Largo (AL), a fiscalização resgatou mais de 400 pessoas.

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