Trânsito II

Guarulhos facilita circulação de pedestres com ações urbanísticas

Prefeitura do município fez uma revisão dos itinerários dos ônibus para desafogar o tráfego no centro da cidade e tem adotado medidas para controlar a velocidade dos veículos, garantindo mais segurança aos pedestres
Por Thiago Guimarães*

Nem pedágio, nem rodízio. Guarulhos espera dar conta dos problemas de mobilidade da cidade que mais cresce na Região Metropolitana de São Paulo com um conjunto de ações urbanísticas simples e baratas, baseadas em duas diretrizes: dar prioridade ao pedestre e realizar intervenções urbanas em prol da inclusão social.

O itinerário dos ônibus, por exemplo, foi revisto. "Das linhas que passavam pela região central da cidade, 17% não recebiam nem deixavam ninguém no centro. Não era necessário que tantos ônibus circulassem por ali", diz Geraldo Moura, diretor de planejamento da Secretaria de Transportes da cidade. Paralelamente, a Prefeitura de Guarulhos tem adotado medidas de traffic calming – instalação de sinalização e pequenas intervenções urbanísticas destinadas a controlar a velocidade dos veículos, garantindo assim mais segurança às pessoas que andam a pé por esses locais. O espaço antes ocupado por automóveis está sendo devolvido aos pedestres e ao transporte coletivo.

Tudo custou até agora R$ 2 milhões. Até o final do ano, outros R$ 10 milhões serão investidos em um projeto de calçadão na Rua Capitão Gabriel, um dos mais importantes passeios da cidade. A fiação elétrica deverá ser aterrada, serão construídos teatros de arena, e a rua, onde atualmente passam ônibus, será destinada apenas ao trânsito de pedestres. Assinado por Paulo Mendes da Rocha, o projeto deverá também resgatar referências históricas importantes para a formação do núcleo urbano.

O Ministério das Cidades incluiu a experiência do município na lista de boas práticas. Em apenas cinco anos, o índice de atropelamentos com morte caiu 25%. "Não é necessário reinventar a roda. Apenas constatamos que não se faz qualificação urbana sem pensar na mobilidade e não se otimiza a mobilidade sem qualificação urbana", diz Geraldo.

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Esta reportagem foi publicada em parceria com a revista Problemas Brasileiros

*jornalista e economista formado pela USP, cursa o mestrado em Planejamento e Desenvolvimento Urbano na HafenCity Universität Hamburg (Alemanha). É autor do estudo "Pedágio urbano: teoria e prática" (2007) e mantém o blog Pra lá e pra cá (http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/pralaepraca/).

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