Trânsito II

Guarulhos facilita circulação de pedestres com ações urbanísticas

Prefeitura do município fez uma revisão dos itinerários dos ônibus para desafogar o tráfego no centro da cidade e tem adotado medidas para controlar a velocidade dos veículos, garantindo mais segurança aos pedestres
Por Thiago Guimarães*
 01/02/2008

Nem pedágio, nem rodízio. Guarulhos espera dar conta dos problemas de mobilidade da cidade que mais cresce na Região Metropolitana de São Paulo com um conjunto de ações urbanísticas simples e baratas, baseadas em duas diretrizes: dar prioridade ao pedestre e realizar intervenções urbanas em prol da inclusão social.

O itinerário dos ônibus, por exemplo, foi revisto. "Das linhas que passavam pela região central da cidade, 17% não recebiam nem deixavam ninguém no centro. Não era necessário que tantos ônibus circulassem por ali", diz Geraldo Moura, diretor de planejamento da Secretaria de Transportes da cidade. Paralelamente, a Prefeitura de Guarulhos tem adotado medidas de traffic calming – instalação de sinalização e pequenas intervenções urbanísticas destinadas a controlar a velocidade dos veículos, garantindo assim mais segurança às pessoas que andam a pé por esses locais. O espaço antes ocupado por automóveis está sendo devolvido aos pedestres e ao transporte coletivo.

Tudo custou até agora R$ 2 milhões. Até o final do ano, outros R$ 10 milhões serão investidos em um projeto de calçadão na Rua Capitão Gabriel, um dos mais importantes passeios da cidade. A fiação elétrica deverá ser aterrada, serão construídos teatros de arena, e a rua, onde atualmente passam ônibus, será destinada apenas ao trânsito de pedestres. Assinado por Paulo Mendes da Rocha, o projeto deverá também resgatar referências históricas importantes para a formação do núcleo urbano.

O Ministério das Cidades incluiu a experiência do município na lista de boas práticas. Em apenas cinco anos, o índice de atropelamentos com morte caiu 25%. "Não é necessário reinventar a roda. Apenas constatamos que não se faz qualificação urbana sem pensar na mobilidade e não se otimiza a mobilidade sem qualificação urbana", diz Geraldo.

Leia também:
Tráfego intenso da capital paulista demanda alternativas

Esta reportagem foi publicada em parceria com a revista Problemas Brasileiros

*jornalista e economista formado pela USP, cursa o mestrado em Planejamento e Desenvolvimento Urbano na HafenCity Universität Hamburg (Alemanha). É autor do estudo "Pedágio urbano: teoria e prática" (2007) e mantém o blog Pra lá e pra cá (http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/pralaepraca/).

APOIE

A REPÓRTER BRASIL

Sua contribuição permite que a gente continue revelando o que muita gente faz de tudo para esconder

LEIA TAMBÉM