Ministério Público denuncia quatro pessoas por trabalho escravo em GO

 25/02/2008

O Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF-DF) denunciou à Justiça nesta terça-feira quatro pessoas acusadas de submeter trabalhadores à condição de escravos em Cabeceiras, Goiás. Elas vão responder por aliciamento de trabalhadores, exploração de trabalho escravo e frustração de direito trabalhista. As penas podem chegar a oito anos de prisão, além de multa.

Segundo fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, realizada em fevereiro de 2000, o fazendeiro Wilson Batista mantinha em sua propriedade mais de 200 pessoas em condições degradantes. Elas teriam sido trazidas de Minas Gerais em três ônibus e na carroceria de um caminhão por "gatos" contratados pelo fazendeiro. Entre os aliciados, estavam índios e crianças.

De acordo com a denúncia, as instalações do alojamento onde o grupo vivia eram péssimas. Não havia colchões para todos e os sanitários não funcionavam. Além da sujeira e do mau-cheiro, as marmitas fornecidas muitas vezes estavam estragadas.

Endividamento
Segundo o MPF, os trabalhadores foram aliciados com a promessa de que o pagamento seria feito quinzenalmente. Eles receberiam entre R$ 7 e R$ 10 por tarefa cumprida. Ao chegarem à fazenda, porém, foram informados de que o dinheiro seria pago apenas depois da colheita, que dura aproximadamente dois meses.

Sem dinheiro, os trabalhadores foram obrigados a se endividar com um dos "gatos" para ter acesso a produtos de higiene como pasta de dente, sabonete, etc. As mercadorias eram vendidas a preços acima do valor de mercado. Diante das dívidas contraídas, os lavradores eram impedidos de deixar a fazenda.

Além de Wilson Batista, foram denunciados José Caetano Barbosa (Zé do Firmo), Antônio Almeida Nogueira (Netão) e uma quarta pessoa conhecida como Edvaldo, ainda não identificada e localizada. A denúncia será analisada pela Vara Única da Subseção Judiciária de Luziânia, área de atuação da Procuradoria da República no Distrito Federal.

20/02/2008

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