Brasil precisa ter agenda de promoção dos direitos humanos, diz presidente do Ethos

 24/06/2008

São Paulo – O país precisa fazer um diagnóstico sobre os motivos pelos quais não avança nos direitos humanos, afirmou hoje (24), em São Paulo, o presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, Ricardo Young, durante o seminário Responsabilidade Social das Empresas e os Direitos Humanos – Encontro de Presidentes.

Young reforçou que esse diagnóstico precisa ser sincero, consistente e honesto para que a sociedade possa criar uma agenda a partir do resultado do encontro. “Não existe ainda uma agenda de promoção dos direitos humanos de forma estratégica no conjunto da sociedade. Acho que hoje começamos a trabalhar essa agenda”, afirmou ele, durante o seminário, organizado pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República.

Na avaliação dele, o encontro de hoje deixa claro que a agenda dos direitos humanos e da diversidade das empresas tornou-se uma pauta nacional. “Ela está presente, e as empresas socialmente responsáveis demonstraram grande comprometimento, assim como o governo demonstra uma intenção de tirar a questão dos direitos humanos das páginas policiais.”

O presidente do Ethos disse acredita que o tema não avança porque o país ainda é ignorante em relação aos direitos humanos. “Uma coisa é se fazer o discurso a partir dos valores, outra coisa é praticar no dia-a-dia, tanto na esfera pessoal como na profissional.” Segundo ele, quando uma empresa abre uma vaga normalmente o setor de recursos humanos é pressionado a preenchê-la o mais rápido possível e não recebe recomendações para que dê prioridade à diversidade.

“Precisamos acabar com isso. Se é prioridade a estratégia de promoção dos direitos humanos e da diversidade, é preciso mudar os processos de gestão. Acho que o grande desafio do encontro hoje é tocar nesses pontos."

Durante o evento será divulgada a Declaração do Encontro de Presidentes – Responsabilidade Social das Empresas e os Direitos Humanos, que contempla questões como a promoção da eqüidade de gênero no local de trabalho; da eqüidade de raça no local de trabalho; da erradicação do trabalho escravo; da inclusão de pessoas com deficiência; e do apoio à promoção dos direitos da criança, do adolescente e do jovem.

Young disse aprovar a sugestão do presidente da Bolsa de valores de São Paulo (Bovespa), Raymundo Magiliano, para que cada empresa invista em um furgão para levar às diversas comunidades esclarecimentos sobre cidadania e responsabilidade social. “O furgão é uma coisa simbólica. A idéia é fazer com que cada empresa encontre os melhores mecanismos para difundir na sua comunidade a questão dos direitos humanos.” 

Flávia Albuquerque
24/06/2008

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