Patrocinadora da Seleção Brasileira, Nike tem fornecedor acusado de explorar mão-de-obra
Fornecedora de material esportivo da Seleção Brasileira e principal multinacional do setor, a Nike está entre algumas empresas beneficiadas por um fornecedor acusado de explorar o trabalho de operários no Nordeste. O LANCE! comprovou que, para cumprirem as metas de produção, os trabalhadores são forçados a aceitar uma jornada de até 15 horas diárias, sem remuneração extra, em Quixeramobim, no Ceará. Muitos chegam a ter problemas de saúde.
A Cooperativa de Calçados Quixeramobim (Cocalqui) foi criada em 1996 para ofertar mão-de-obra a Calçados Aniger Ltda, que tem sede em Campo Bom, Rio Grande do Sul. Na ocasião, a empresa gaúcha recebeu incentivos fiscais públicos estaduais para abrir uma filial no interior do Ceará.
Nas ruas de Quixeramobim, a fama das condições de trabalho na fábrica não é das melhores. O medo de perder a ocupação força os operários a se recusarem a falar. Só comentaram o assunto sob a condição de não serem identificados.
– Temos de trabalhar, não tem jeito – frisou um dos cerca de 3.500 operários da Cocalqui. Só no galpão responsável pela finalização dos produtos da Nike estão alocadas 1.200 pessoas.
O presidente da cooperativa Alexandre Lima admitiu os problemas e salientou que tanto a Cocalqui quanto a Nike buscam soluações para minimizá-los.
– Nossa produção é dimensionada em 44 horas de trabalho, em cima dos dias da semana: 8,8 horas diárias – disse Lima. Mas seria uma mentira se eu falasse que a gente trabalha sempre dentro do limite.
Lima salientou que se houve um excesso de exploração da mão-de-obra, foi porque ocorreram problemas em algum setor da produção.
Sem abandonar o discurso empresarial justificou: "a lei da cooperativa é nua e crua. Cumpriu a meta, recebeu. Quem precisa ficar Em casa é artista plástico, à espera de inspiração".
Michel Castelar
08/07/2008