A Comissão Pastoral da Terra (CPT), a mais importante entidade da sociedade civil no combate ao trabalho escravo, atua contra esse crime desde a década de 70, quando a ocupação da Amazônia por projetos agropecuários e extrativistas nacionais e transnacionais aumentaram a incidência dessa crime. Responsável por receber e encaminhar denúncias de trabalhadores, ela produz regularmente estatísticas sobre a dimensão do problema no Brasil. Nesta terça (9), a Campanha de Combate ao Trabalho Escravo da CPT divulgou mais um de seus balanços periódicos com dados sobre libertações de trabalhadores escravos no país, datado de 03 de setembro.
De acordo com os dados mais recentes, foram libertados de 1995 ao final do primeiro semestre deste ano, 31.726 pessoas. No mesmo período, a Comissão Pastoral das Terra registrou 55.222 denúncias. No acumulado, o estado recordista de libertações continua sendo o Pará com 10.774 escravos resgatados (34% do total), seguido pelo Mato Grosso com 4.997 (15,8%). Maranhão, Goiás e Bahia completam os cinco primeiros colocados neste triste ranking.
Neste ano, a pecuária continua em primeiro lugar em casos de libertação de trabalho escravo – 42 ocorrências, ou 58% do total. A cana-de-açúcar possui oito (11%) dos 73 casos fiscalizados.
Se considerarmos o número de trabalhadores explorados, a pecuária teve 560 pessoas libertadas (23% do total) enquanto a cana utilizou 1.157 pessoas ilegalmente (47%). A diferença se deve ao fato da colheita de cana utilizar mão-de-obra intensiva. Em outras palavras: uma fazenda de cana pode ser palco de um resgate com mais de mil trabalhadores ao mesmo tempo, sendo que isso não ocorre em uma criação de gado. Nessas, quando há trabalho escravo, os grupos de trabalhadores são menores, mas o nível de degradação do ser humano maior.
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