O público espanhol teve a chance de conhecer um pouco mais do Brasil com a passagem da peça Quilombagem, encenada por 36 jovens do Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos (CDVDH), de Açailândia (MA), por diversas cidades do país europeu, em dezembro do ano passado.
O espetáculo apresentado em dois atos apresenta, desenvolve e problematiza os paralelos existentes entre a escravidão colonial e o trabalho escravo contemporâneo, misturando teatro, música e dança.
Espetáculo une poesia, dança e músicas para retratar a escravidão contemporânea (Divulgação) |
Teatros, auditórios e escolas localizados em Oviedo, Gijón, Mieres, Coruna, Santiago, Lugo, Sevilla, Barcelona e Madrid serviram de palco para os jovens que atuam em Quilombagem. "Em todas as apresentações o grupo foi bem recebido e muito aplaudido. Ao final do espetáculo, o público queria conversar com os atores, perguntar sobre a situação, queriam cantar as canções brasileiras apresentadas. Foi muito emocionante", relata a espanhola Carmen Bascarán, defensora de direitos humanos que atua há 13 anos no combate ao trabalho escravo junto ao CDVDH e também assumiu as vezes de diretora.
A coordenadora do CDVDH conseguiu que o projeto recebesse apoio do governo de Astúrias para as apresentações em solo espanhol. "Eles adoraram a idéia do espetáculo e resolveram pagar as passagens dos atores e mais alguns custos, além de nos colocar em contato com outras prefeituras que também abraçaram o Quilombagem", conta Carmen.
Durante a turnê pela Espanha, os integrantes do CDVDH de Açailândia (MA) foram recebidos por autoridades locais. No município de Gijón, na região da Astúrias, a prefeita da cidade, Maria Paz Fernandez Feogueroso, e o secretário de cultura, Jesus Montes, recepcionaram o grupo no salão nobre do governo. Ambos deram boas-vindas e elogiaram o trabalho realizado pela organização no Brasil. O grupo também foi recebido pelo prefeito de Mieres, também em Astúrias, e por outras autoridades políticas e religiosas da Espanha.
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Jovens artistas de Açailândia (MA) passearam pelos principais pontos turísticos (Divulgação) |
Base
O Maranhão é um dos principais focos de aliciamento e de incidência da escravidão contemporânea no país. Muitos dos participantes da peça tem parentes que foram vítimas desse tipo de crime. "A peça é uma importante ferramenta de informação para o povo daqui. Os nossos atores levam o que aprendem para suas casas e seus familiares para não serem vítimas do ´gato´ [aliciador ilegal de mão-de-obra]", conta Marcelo Granjeiro, coreógrafo do espetáculo que acabou de voltar de sua "turnê" pelo Velho Mundo.
O processo de elaboração da peça contou com a participação de trabalhadores rurais do Maranhão, que assistiam às encenações e opinavam sobre as cenas. "Vimos muitos trabalhadores chorarem após a apresentação. Eles disseram que estávamos relatando exatamente o que eles sofreram", emociona-se a diretora da peça e fundadora do CDVDH, Carmen Bascarán. "Isso fortaleceu o grupo para que encarassem o Quilombagem como uma missão".
*com informações de Flávia Moura
Muito lindo, vocês são ótimos, fico feiliz por saber que vocês representaram muito bem a nossa cidade,Estado emfim o nosso país.
Apesar de ser fato, não há como fugir desta triste realidade o que importa é reconher e mobilizar toda sociedade na busca de um mundo mais justo e igualitário.
Parabéns CDVDH e Rapórter Brasil