Incluída na lista suja do trabalho escravo, empresa adia usina em Costa Rica

 02/07/2009

Falta de dinheiro e a inclusão na "lista suja" do Ministério do Trabalho, por suposta prática de trabalho escravo, fez a Brenco (Companhia Brasileira de Energia Renovável) adiar o projeto de construção da usina de etanol (álcool) em Costa Rica, conforme informou a assessoria de imprensa ao Hora da Notícia nesta quarta-feira (01).

Segundo o diretor financeiro da companhia, Alfredo Freitas, a empresa busca R$ 530 milhões junto aos bancos, entre eles o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que é o principal acionistas da Brenco através do BNDESPar.

Sem dinheiro a empresa adiou o projeto de construção da usina em Costa Rica para o fim do ano de 2010.

A Brenco prevê colocar em operação no fim deste semestre suas duas primeiras usinas de álcool. No entanto, com a escassez de crédito, decidiu adiar o projeto de Morro Vermelho, em Goiás, para outubro, e o de Alto Taquari, Mato Grosso, para o início de 2010, de acordo com Freitas.

Paralelamente ao revés financeiro, a companhia entrou em uma disputa na Justiça em maio último para se manter fora da "lista suja" do Ministério do trabalho.

No início do ano passado, a companhia foi acusada de manter 17 trabalhadores em condições degradantes em suas usinas em construção, nos Estados de Mato Grosso e Goiás. A Brenco nega todas as acusações. A lei ordena que o nome da companhia denunciada permaneça no cadastro por pelo menos dois anos após a infração cometida.

Nessas condições, a empresa fica impedida de acessar linhas de financiamentos de instituições ligadas ao governo, como o banco BNDES.

Demissões

Nesta quarta-feira (01), cerca de 320 trabalhadores foram demitidos pela Brenco em Costa Rica. Os trabalhadores se reuniram por volta das 6h30 na sede da empresa, localizada no Bairro Vale do Amanhecer, e estavam revoltados pelo fato dos dirigentes terem solicitado a presença da Polícia Militar. Os trabalhadores alegam que foram surpreendidos com as demissões.

Foram demitidos operadores de máquinas, motoristas tratoristas e rurícola; na sua grande maioria moradores em Costa Rica. Os trabalhadores disseram ao Hora da Notícia que não esperavam pelas demissões, "fomos demitidos e não temos previsão que seremos recontratados ainda esse ano, fizemos dividas"- disse um integrante do grupo de trabalhadores.

Eles foram submetidos aos exames para efetivação das demissões pela manhã com o médico Glauco da Silveira, Eles devem receber os valores referentes aos direitos trabalhistas até o próximo dia 10 na sede da empresa.

Cerca de 20 mulheres que trabalham na empresa e cursam faculdade também foram demitidas. "Nós esperávamos continuar trabalhando na Brenco e ter a oportunidade de concluir a faculdade e ser promovidas". Hora da Notícia

As ligações para o Hora da Noticia começaram nas primeiras hora da manhã para que registrássemos a movimentação no pátio da empresa. Lá podemos acompanhar as mais diferentes manifestações: "essa empresa gerou expectativas muito grande para os trabalhadores da cidade"- disse um trabalhador que não quis se identificar.

Outro grupo reclamou pela perda do emprego e resumiu: "foi uma bomba em nossas cabeças". Temos familia para sustentar.

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