Papaléo diz que desigualdade social e impunidade facilitam a prática do trabalho escravo

 10/02/2010

O senador Papaléo Paes (PSDB-AP) disse, em discurso nesta quarta-feira (10), que a persistência do trabalho escravo no Brasil resulta da crônica falta de solução para os problemas sociais e morais mais graves: "a enorme desigualdade social e a escandalosa impunidade dos criminosos".

Papaléo afirmou que milhões de brasileiros pobres ou miseráveis são presas fáceis para os chamados "gatos", agenciadores de mão-de-obra não qualificada que vão às regiões mais pobres oferecendo emprego e "vantagens mirabolantes". Esses "gatos", acrescentou o senador, levam os trabalhadores para áreas de fronteira agrícola, onde empregadores exploram essa mão-de-obra em regime análogo ao da escravidão, como o sistema de "barracão" que mantém os trabalhadores endividados.

O senador lembrou que, para apurar as denúncias de trabalho escravo, o governo federal criou em 1995 o Grupo Móvel de Fiscalização, constituído por voluntários como fiscais do trabalho, policiais federais, procuradores, fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e outros. Ele ressaltou que esse grupo trabalha sob risco de vida para libertar os trabalhadores e pagar-lhes o que lhes foi sonegado, além de expedir carteiras de trabalho.

Papaléo Paes também lembrou a criação, no Senado, da Subcomissão de Combate ao Trabalho Escravo, na Comissão de Direitos Humanos (CDH), presidida pelo senador José Nery (PSOL-PA), e da qual é vice-presidente. Papaléo citou as palavras de Nery – que há muitos anos milita no combate ao trabalho escravo – na abertura dos trabalhos da comissão, em 2009: "É incrível que ainda precisemos, neste início do século 21, de uma subcomissão no Senado para lutar pela erradicação dessa prática ignominiosa".

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