Escravidão: 41% dos trabalhadores aliciados são de MT

 14/08/2010

A mão-de-obra escrava utilizada em propriedades rurais e indústrias do Mato Grosso ainda é oriunda, em sua maioria, de outros estados brasileiros. Mas, nos últimos anos, houve um aumento significativo no número de contratações feitas dentro do território mato-grossense.

A mudança do cenário foi constatada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) com base nos seguros desempregos de trabalhadores resgatados em condições análogas à escravidão. Os aliciamentos feitos pelos conhecidos "gatos" ocorrem com maior frequência na Baixada Cuiabana.

Desde 2003, o órgão retirou 3.279 trabalhadores que atuavam de forma irregular, sem registro e em condições degradantes. Destes, 1.330, o equivalente a 41% do total, declararam residir em Mato Grosso. A maioria, 34%, foi aliciada na Baixada Cuiabana. Outros 28% na região do Médio e Baixo Araguaia.

O destino de grande parte deles eram fazendas, carvoarias e outras indústrias localizadas na região Norte do Estado. A procuradora do Trabalho, Daniele Masseran, reforça que o aliciamento ocorre, em sua maioria, com pessoas que têm um baixo grau de instrução. O levantamento constatou que 31% dos resgatados eram analfabetos e outros 35% não tinham concluído nem a 4ª série. Apenas 5% tinha ou o Ensino Fundamental ou Médio completo.

Situação que a Federação dos Trabalhadores da Agricultura no Estado do Mato Grosso (Fetagri) tem conhecimento. "Esses trabalhadores, a maioria sem qualificação, acabam se sujeitando a isso porque precisam e se arriscam", afirmou a secretária Maria da Glória.

Outra realidade encontrada pelo órgão é o abandono de trabalhadores que são contratados pelos "intermediadores" ou "gatos". O superintendente Regional do Trabalho, Valdiney Arruda, lembrou que, somente em uma operação, encontrou 40 trabalhadores no Sine de Várzea Grande nesta situação. "Eles tinham sido trazidos pelo intermediador, mas quando chegaram aqui não havia emprego e foram abandonados. Isso ocorre com frequência".

Nos últimos 12 meses, de agosto de 2009 a agosto de 2010, foram instaurados 13 inquéritos civis para apurar esta situação, sendo 9 na região de Cuiabá.

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