Livro e exposição “Retrato Escravo” denunciam situação no Brasil

 07/09/2010

As péssimas condições de trabalho, análogas às de escravo, a solidão das crianças que ficam sem os pais que vão para longe em busca de emprego, e o momento do resgate desses trabalhadores. Esse ciclo da escravidão contemporânea no Brasil é mostrado no livro Retrato Escravo, que será lançado nesta quinta-feira (9) no prédio do Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília.

Capa do livro mostra escravo na fazenda Estrela das Alagoas (PA), que dormia com os demais na estrebaria, fazendo a barba com gilete improvisada.
Com fotos de João Roberto Ripper e Sérgio Carvalho, o lançamento será acompanhado da abertura da exposição fotográfica dos dois profissionais sobre o tema. A mostra poderá ser visitada até o dia 15 de outubro no TST, e depois vai percorrer outros prédios da capital, como o Ministério do Trabalho, seguindo então para outras cidades.

Elaborado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Fundação Vale, o livro será distribuído para entidades envolvidas com o tema, como autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, estudantes e jornalistas.

"Nosso objetivo ao promover esse trabalho foi criar mais uma ferramenta de mobilização da sociedade. Hoje o Brasil está bastante avançado nos mecanismos de combate ao trabalho escravo, mas estamos longe de erradicar o problema", explica o coordenador do projeto de combate ao trabalho escravo na OIT, Luiz Machado.

Um exemplo desse avanço apontado pela OIT é o Cadastro de Empregadores, criado pelo Ministério do Trabalho e Emprego em 2004, que representa uma lista suja de empregadores flagrados explorando trabalhadores em condição análoga à de escravos. Qualquer pessoa pode consultar se alguma propriedade está na relação. A lista é atualizada semestralmente e hoje conta com 150 nomes.

O piauiense Sérgio Carvalho começou a fotografar em meados da década de 1990 registrando trabalhadores escravizados em fazendas do norte do país. "Acredito que a fotografia, como qualquer forma de expressão, pode e deve servir como instrumento de politização, de questionamentos, de mudança social e de denúncia", diz Sérgio.

João Roberto Ripper, carioca, é especialista em fotografia documental, social e fotojornalismo. Ele fotografa há mais de 30 anos e acompanhou denúncias da Comissão Pastoral da Terra (CPT) sobre trabalho escravo em todo país antes de começar a seguir o grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho.

"Acredito que a imagem ajuda a inverter uma condição que é inaceitável e que é preciso se ver para poder mudar. E é muito bom ver as pessoas sendo libertadas", afirma.

As fotografias foram feitas no Pará, em Campos (RJ), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Ceará. Elas são acompanhadas por textos de pessoas envolvidas com o combate ao trabalho escravo, como Leonardo Sakamato, da ONG Repórter Brasil, e Laís Abramo, diretora da OIT no Brasil. Na noite de lançamento, Ripper e Carvalho vão autografar os livros.

Fonte: Vale – Assessoria de Imprensa

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