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Em 2010, cerca de 230 pessoas que trabalhavam como escravos foram libertados em Santa Catarina

Em novembro, 15 trabalhadores foram libertados em Ponte Serrada, no Oeste do EstadoDarci Debona Santa Catarina é o terceiro Estado em número de trabalha­dores libertados de trabalho em condições análogas à de escravo em 2010. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego, até 17 de setembro, fo­ram libertados 228 trabalhado­res em solo catarinense. Somen­te Goiás, com 343, e Pará, com 338, tiveram número superior. Um dos casos que mais chamou a atenção foi o de 12 trabalhado­res que moravam num chiqueiro, em Ipumirim, no Meio-Oeste. Eram panelas, roupas e alimentos no mesmo espaço de baias cheias de dejetos e até um cavalo. A situação foi flagrada em maio deste ano. Outros 15 trabalhadores foram libertados no início de novembro, em Xanxerê, no Oeste. Estes ainda não estão com­putados nos dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Trabalhavam no corte de erva-mate e dormiam amontoados numa casa com cerca de 40 metros quadrados, com má venti­lação. Tomavam banho em um rio, construíram um banheiro improvi­sado e canalizaram água de um cór­rego onde descobriram, dias depois, que havia uma vaca morta a menos de 50 metros do local. Além disso, não tinham equipamentos de segu­rança nem assistência médica. Numa ação conjunta do Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público Federal e Polícia Federal os trabalhadores foram retirados do lo­cal, indenizados e retornaram para suas casas, em Ponte Serrada, no Oeste. O pro­prietário foi autuado e teve de pagar indenização para os trabalhadores, além de multa. Entre os 15 trabalhadores, estavam o casal José Fleck, 51 anos, e Salete Ferreira, 52 anos. Eles dormiam em uma cama de solteiro, na mesma peça que os demais trabalhadores. Agora, estão de volta em casa, na periferia de Ponte Serrada. A mora­dia alugada, de madeira, tem poucos móveis mas, para eles, é aconchegan­te. Lá podem tomar chimarrão tran­quilos. Com o dinheiro da indeniza­ção, José pretendia comprar a casa. O casal lembra que passou por muitas dificuldades no acampamento. – Nos pegaram como escravos – conta José, que tem 16 filhos. Salete tem cinco, de outros casa­mentos. Mesmo assim, o casal mora sozinho. Salete sempre cortou erva-mate. Como não estudaram, sobram poucas alternativas de emprego.  

Em novembro, 15 trabalhadores foram libertados em Ponte Serrada, no Oeste do Estado
Darci Debona

Santa Catarina é o terceiro Estado em número de trabalha­dores libertados de trabalho em condições análogas à de escravo em 2010. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego, até 17 de setembro, fo­ram libertados 228 trabalhado­res em solo catarinense. Somen­te Goiás, com 343, e Pará, com 338, tiveram número superior.

Um dos casos que mais chamou a atenção foi o de 12 trabalhado­res que moravam num chiqueiro, em Ipumirim, no Meio-Oeste. Eram panelas, roupas e alimentos no mesmo espaço de baias cheias de dejetos e até um cavalo. A situação foi flagrada em maio deste ano.

Outros 15 trabalhadores foram libertados no início de novembro, em Xanxerê, no Oeste. Estes ainda não estão com­putados nos dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Trabalhavam no corte de erva-mate e dormiam amontoados numa casa com cerca de 40 metros quadrados, com má venti­lação.

Tomavam banho em um rio, construíram um banheiro improvi­sado e canalizaram água de um cór­rego onde descobriram, dias depois, que havia uma vaca morta a menos de 50 metros do local. Além disso, não tinham equipamentos de segu­rança nem assistência médica.

Numa ação conjunta do Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público Federal e Polícia Federal os trabalhadores foram retirados do lo­cal, indenizados e retornaram para suas casas, em Ponte Serrada, no Oeste. O pro­prietário foi autuado e teve de pagar indenização para os trabalhadores, além de multa.

Entre os 15 trabalhadores, estavam o casal José Fleck, 51 anos, e Salete Ferreira, 52 anos. Eles dormiam em uma cama de solteiro, na mesma peça que os demais trabalhadores. Agora, estão de volta em casa, na periferia de Ponte Serrada.

A mora­dia alugada, de madeira, tem poucos móveis mas, para eles, é aconchegan­te. Lá podem tomar chimarrão tran­quilos. Com o dinheiro da indeniza­ção, José pretendia comprar a casa. O casal lembra que passou por muitas dificuldades no acampamento.

– Nos pegaram como escravos – conta José, que tem 16 filhos.

Salete tem cinco, de outros casa­mentos. Mesmo assim, o casal mora sozinho. Salete sempre cortou erva-mate. Como não estudaram, sobram poucas alternativas de emprego.

 


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