Escravos chineses são libertados de madeireira no Distrito

 17/12/2010

De acordo com o Tenente do Batalhão Ambiental, Alexandre Matos, um dos funcionários que trabalhava na empresa conseguiu fugir e com ajuda de moradores próximos avisou a PM.

Manaus – Denúncia de exploração ilegal de madeira praticada pela empresa CIFEC Indústria de Compensados, no Distrito Industrial, levou as policias Militar e Federal a desfazer um esquema de exploração de pessoas em condições de trabalho escravo.

De acordo com o Tenente do Batalhão Ambiental, Alexandre Matos, um dos funcionários que trabalhava na empresa conseguiu fugir e com ajuda de moradores próximos avisou a PM que nessa empresa teriam pessoas trabalhando irregularmente em condições precárias e sendo agredidas fisicamente.

A denúncia foi feita há duas semanas e durante esse período, em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a PM reuniu informações que permitiram a ação realizada na manhã dessa sexta-feira (17), identificando pelo menos sete chineses nessas condições.

Segundo informações dos agentes da Policia Federal, são sete trabalhadores chineses, três dos quais teriam fugido para a mata no momento da chegada da polícia. Os demais foram identificados como Liang Hao, 44, Baiyun Sun, 50, Gang Yin, 41 e Lixiang Qu, 47. Um oitavo chinês, Chim Vikan, foi identificado pelos demais como sendo o ‘encarregado´ da empresa e quem realizava os castigos.

Através da ajuda de um interprete, os policiais ficaram sabendo que os chineses haviam feito um acordo com CIFEC para receber US$ 10 mil por ano, mas que apenas US$ 2 mil havia sido pagos até o momento. Tudo teria sido realizado sem contrato e apenas com acertos verbais, descaracterizando a relação de trabalho legal.

Para o representante do MTE, Edson Rebouças, essas constatações aliadas às denuncias de maus-tratos, privação de liberdade e desrespeito a dignidade humana, levam à constatação de condições análogas de trabalho escravo.

"Todos os envolvidos na situação dessas pessoas irão responder criminalmente. Agora iremos leva-los para a sede da PF e colher os depoimentos com a ajuda de um interprete oficial e lavrar o termo da ocorrência", explicou.

Além dos chineses, as brasileiras Maria Luiza Ferreira Freire e Rute dos Anjos Castro, que trabalham na área administrativa da empresa, foram levadas para prestar depoimento sobre o caso, e seriam liberadas logo após.

IBAMA

A CIFEC Indústria de Compensados está com a Licença de Operação e o Cadastro Técnico Federal vencidos junto ao sistema do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), além de não registrar movimentação de madeira desde 2007, o que contrasta com mais de 200m³ encontrados pelos fiscais do IBAMA na vistoria.

De acordo com a Analista Ambiental, Lívia Aguiar, a empresa será notificada e terá 48h para apresentar a documentação que comprove a origem da madeira. "Se eles comprovarem de onde veio tudo, não vai haver problema. É estranho o fato da empresa está com documentação atrasada e ter madeira nova no pátio", disse.

Policias Federais recolheram documentos e computadores do escritório central da CIFEC e irão analisar o material a procura de informações sobre a atuação da empresa nos últimos três anos.

 

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