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MT tem 15% do total de libertados em todo país

Ao todo 5,5 mil trabalhadores foram retirados de situações degradantes JOANICE DE DEUSDa Reportagem Entre 1995 e 2009, 5.570 trabalhadores em situação análoga à de escravidão foram resgatados em Mato Grosso. O número representa 15% do total de braçais libertados em todo país. Em contrapartida, o Estado, que divide com o Pará a liderança no ranking nacional, se destaca nas ações pela erradicação do trabalho escravo. "O Brasil é reconhecido internacionalmente pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um país que avançou no combate ao trabalho escravo. Ainda tem muito o que ser feito, mas é um dos poucos que reconhece o problema e implantou instrumentos de combate", informou o coordenador do Programa de Erradicação de Trabalho Escravo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Luiz Antônio Machado. "Mato Grosso, com certeza, é um estado que deu resposta positiva criando o Plano Estadual de Combate ao Trabalho Escravo". Além das questões sócioeconomicas, Luiz Machado vê a ambição como uma das causas desta chaga mundial. "A ganância de quem usa da prática para obter vantagem econômica ou até sexual", disse. O representante da OIT esteve ontem em Cuiabá para participar da reunião ampliada da Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo de Mato Grosso (Coetrae). Este é um problema que também atinge as crianças. No Estado, cerca de 27 mil crianças, a maioria meninos com idade entre 7 e 14 anos, desenvolvem algum tipo de trabalho, seja em casa, nas ruas ou em empresas. No país, nos últimos 14 anos, 38.052 brasileiros viveram na pele o drama do trabalho escravo. No mundo, o custo para quem é vítima é da ordem de US$ 31 bilhões anuais. O presidente do Fórum Estadual de Erradicação ao Trabalho Escravo, Inácio José Werner, destacou que um dos pontos positivos com a criação da Contrae é a definição de políticas mais efetivas no combate ao problema e de ações que evitem o retorno dos resgatados ao trabalho forçado. "A reincidência é muito grande, mas Mato Grosso é pioneiro em fazer a qualificação desses egressos", disse. OUTROS DADOS – Neste ano, fiscais da Superintendência Regional do Trabalho (STRE) desencadearam 23 operações, que resultaram na fiscalização de 41 propriedades rurais e de três na área urbana. No geral, 652 trabalhadores foram alcançados, dos quais 112 resgatados devido às condições subumanas ou similares à de escravidão. "Quarenta e dois por cento das denúncias apuradas se confirmaram como trabalho escravo", informou o superintendente da STRE, Valdiney Arruda. Na zona rural, 55% encontravam-se na atividade da pecuária e, em municípios como Juara, Nova Monte Verde e Paranaíta. Já na área urbana de Várzea Grande foram resgatados 23 trabalhadores, entre mulheres e adolescentes, exercendo atividades nas áreas de comércio e casas noturnas. As fiscalizações culminaram ainda na aplicação de 256 autos, sendo que um total de R$ 387 mil foi pago em verbas trabalhistas. Além disso, os responsáveis respondem civilmente e criminalmente pela prática de trabalho escravo. A reunião ampliada da Coetrae, que é formada por representantes da sociedade civil organizada e dos governos estadual e federal, continua hoje. A intenção é pautar ações pela erradicação do trabalho escravo, qualificação profissional das vítimas, repressão e penalização dos reincidentes na lista suja e, ao final, fazer uma avaliação do Plano Estadual de Erradicação de Trabalho Escravo.    

Ao todo 5,5 mil trabalhadores foram retirados de situações degradantes

JOANICE DE DEUS
Da Reportagem

Entre 1995 e 2009, 5.570 trabalhadores em situação análoga à de escravidão foram resgatados em Mato Grosso. O número representa 15% do total de braçais libertados em todo país. Em contrapartida, o Estado, que divide com o Pará a liderança no ranking nacional, se destaca nas ações pela erradicação do trabalho escravo.

"O Brasil é reconhecido internacionalmente pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um país que avançou no combate ao trabalho escravo. Ainda tem muito o que ser feito, mas é um dos poucos que reconhece o problema e implantou instrumentos de combate", informou o coordenador do Programa de Erradicação de Trabalho Escravo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Luiz Antônio Machado. "Mato Grosso, com certeza, é um estado que deu resposta positiva criando o Plano Estadual de Combate ao Trabalho Escravo".

Além das questões sócioeconomicas, Luiz Machado vê a ambição como uma das causas desta chaga mundial. "A ganância de quem usa da prática para obter vantagem econômica ou até sexual", disse. O representante da OIT esteve ontem em Cuiabá para participar da reunião ampliada da Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo de Mato Grosso (Coetrae).

Este é um problema que também atinge as crianças. No Estado, cerca de 27 mil crianças, a maioria meninos com idade entre 7 e 14 anos, desenvolvem algum tipo de trabalho, seja em casa, nas ruas ou em empresas. No país, nos últimos 14 anos, 38.052 brasileiros viveram na pele o drama do trabalho escravo. No mundo, o custo para quem é vítima é da ordem de US$ 31 bilhões anuais.

O presidente do Fórum Estadual de Erradicação ao Trabalho Escravo, Inácio José Werner, destacou que um dos pontos positivos com a criação da Contrae é a definição de políticas mais efetivas no combate ao problema e de ações que evitem o retorno dos resgatados ao trabalho forçado. "A reincidência é muito grande, mas Mato Grosso é pioneiro em fazer a qualificação desses egressos", disse.

OUTROS DADOS – Neste ano, fiscais da Superintendência Regional do Trabalho (STRE) desencadearam 23 operações, que resultaram na fiscalização de 41 propriedades rurais e de três na área urbana. No geral, 652 trabalhadores foram alcançados, dos quais 112 resgatados devido às condições subumanas ou similares à de escravidão.

"Quarenta e dois por cento das denúncias apuradas se confirmaram como trabalho escravo", informou o superintendente da STRE, Valdiney Arruda. Na zona rural, 55% encontravam-se na atividade da pecuária e, em municípios como Juara, Nova Monte Verde e Paranaíta.

Já na área urbana de Várzea Grande foram resgatados 23 trabalhadores, entre mulheres e adolescentes, exercendo atividades nas áreas de comércio e casas noturnas.

As fiscalizações culminaram ainda na aplicação de 256 autos, sendo que um total de R$ 387 mil foi pago em verbas trabalhistas. Além disso, os responsáveis respondem civilmente e criminalmente pela prática de trabalho escravo.

A reunião ampliada da Coetrae, que é formada por representantes da sociedade civil organizada e dos governos estadual e federal, continua hoje. A intenção é pautar ações pela erradicação do trabalho escravo, qualificação profissional das vítimas, repressão e penalização dos reincidentes na lista suja e, ao final, fazer uma avaliação do Plano Estadual de Erradicação de Trabalho Escravo.

 

 


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