Operação contra trabalho escravo libera 60 em São Paulo

 01/12/2010

Um grupo de 60 funcionários, a maoria da Bahia, foi libertado por uma operação conjunta entre a Polícia Civil, a Secretaria da Justiça e o Ministério Público Trabalhista, por trabalharem em condições análogas às de escravidão. Eles foram encontrados no município de Embu Guaçu, em São Paulo. O dono da empresa MS Teixeira, Marcioir Silveira Teixeira, 47 anos, foi preso em flagrante no local e vai responder por tráfico de pessoas e aliciamento.
De acordo com as investigações da polícia, a MS Teixeira prestaria serviços para outra empresa, a Prumo Engenharia, a qual seria ligada à ALL – América Latina Logística -, referência logística da América Latina em ferroviária.
Em nota, a All divulgou que “repudia veementemente qualquer prática contrária aos direitos trabalhistas”. A ALL informou que “contratou a empresa Prumo Engenharia Ltda, executora de diversas obras ferroviárias em todo o Brasil, responsável por estes trabalhadores, para a execução de serviços em Evangelista de Souza-SP”.
A maioria dos trabalhadores é da cidade de Santo Amaro da Purificação, na Bahia. Há, também, homens da Baixada Santista. O grupo foi levado para São Paulo há três meses e, desde então, trabalhava em condições de escravidão, tendo que percorrer diariamente, do local de descanso ao trabalho, cerca de 10 km. Além disso, eles dormiam em containers.
Alex Cunha Ferreira, 21 anos, afirmou que a proposta de trabalho foi diferente da realidade. “A gente trabalhava todos os dias, debaixo de chuva e sol. Quando eu percebi que as condições de trabalho não eram as prometidas, eu perguntei: ´meu Deus, onde eu estou?´”, disse Ferreira, em depoimento. Ele ainda afirmou que o pagamento não foi realizado como fora acertado. Os funcionários eram encarregados da construção da linha férrea nos municípios de Embu Guaçu e Ferraz de Vasconcelos.
A coordenadora do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas – órgão ligado à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo -, Anália Ribeiro, disse que o grupo era fiscalizado durante o horário de trabalho, se alimentava de forma precária e dormia em containers sem água potável.
Os homens vão receber assistência para voltar para suas cidades em um período de 72 horas. Por enquanto, eles ficarão em abrigos da Secretaria da Justiça Do Estado de São Paulo. Segundo o delegado da Primeira Delegacia de Proteção à Pessoa, Laerte Idalino Marzagão Junior, as investigações seguem para apurar as demais empresas envolvidas e os responsáveis pela contratação desses funcionários.

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