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A lista da escravidão moderna

A promessa era trabalhar em uma obra em São Paulo e a esperança, conquistar um emprego melhor. Vinte e seis trabalhadores saíram do Maranhão em um ônibus clandestino e, ao chegar a Campinas, foram recebidos por condições de trabalho análogas à escravidão: falta de higiene, só um banheiro, ausência de cama ou colchão para todos e uma refeição diária. Os trabalhadores foram encontrados no início desta semana pela Polícia Federal (PF), após uma denúncia anônima. Confira entrevista com a procuradora do trabalho Débora Tito, coordenadora nacional de Erradicação do Trabalho Escravo do Ministério Público do Trabalho. Um resgate que ressalta uma posição que o Maranhão conquistou nos últimos seis anos: estado com a maior incidência de trabalho escravo contemporâneo e a principal rota de tráfico de pessoas no país (veja ranking). De 2005 a 2010, 3.920 trabalhadores resgatados pelas ações do grupo móvel do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do Ministério Público do Trabalho (MPT) tinham o Maranhão como estado de origem. Para a coordenadora nacional de erradicação do trabalho escravo do MPT, Débora Tito, a explicação da pior posição é a ausência de políticas públicas. ´No Maranhão, a omissão de políticas públicas é evidente. Mais próximo da capital, o trabalho escravo diminui. Mas, se andamos pelas estradas vicinais, percebemos as más condições, o isolamento das cidades e a fuga em busca de melhores condições`, denuncia. Entre 2005 e 2009, 17.456 trabalhadores foram resgatados de trabalhos degradantes. Para diminuir o número de trabalhadores em situação de vulnerabilidade e evitar até mesmo a reincidência – subdimensionada em 1,37% -, o MTE prepara o início do Programa Nacional Resgatando a Cidadania. Lançada ontem, a iniciativa começará em 19 de abril, no Maranhão, e será estendida a todos os estados até o fim do ano. O objetivo do programa é qualificar trabalhadores explorados e recolocá-los no mercado de trabalho. ´O Estado usa mal o dinheiro, pois todos os resgatados recebem seguro-desemprego por três meses, mas depois podem voltar ao trabalho escravo`, diz o procurador-geral do Trabalho, Otávio Brito Lopes. Trabalhadores resgatados (2005-2010) Maranhão 3.920 Pará 2.500 Mato Grosso do Sul 1.426 Tocantins 1.176 Bahia 1.165 Pernambuco 990 Minas Gerais 957 Mato Grosso 888 Piauí 863 Alagoas 804 Fonte: MPT

A promessa era trabalhar em uma obra em São Paulo e a esperança, conquistar um emprego melhor. Vinte e seis trabalhadores saíram do Maranhão em um ônibus clandestino e, ao chegar a Campinas, foram recebidos por condições de trabalho análogas à escravidão: falta de higiene, só um banheiro, ausência de cama ou colchão para todos e uma refeição diária. Os trabalhadores foram encontrados no início desta semana pela Polícia Federal (PF), após uma denúncia anônima.

Confira entrevista com a procuradora do trabalho Débora Tito, coordenadora nacional de Erradicação do Trabalho Escravo do Ministério Público do Trabalho.

Um resgate que ressalta uma posição que o Maranhão conquistou nos últimos seis anos: estado com a maior incidência de trabalho escravo contemporâneo e a principal rota de tráfico de pessoas no país (veja ranking). De 2005 a 2010, 3.920 trabalhadores resgatados pelas ações do grupo móvel do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do Ministério Público do Trabalho (MPT) tinham o Maranhão como estado de origem. Para a coordenadora nacional de erradicação do trabalho escravo do MPT, Débora Tito, a explicação da pior posição é a ausência de políticas públicas. ´No Maranhão, a omissão de políticas públicas é evidente. Mais próximo da capital, o trabalho escravo diminui. Mas, se andamos pelas estradas vicinais, percebemos as más condições, o isolamento das cidades e a fuga em busca de melhores condições`, denuncia.

Entre 2005 e 2009, 17.456 trabalhadores foram resgatados de trabalhos degradantes. Para diminuir o número de trabalhadores em situação de vulnerabilidade e evitar até mesmo a reincidência – subdimensionada em 1,37% -, o MTE prepara o início do Programa Nacional Resgatando a Cidadania. Lançada ontem, a iniciativa começará em 19 de abril, no Maranhão, e será estendida a todos os estados até o fim do ano. O objetivo do programa é qualificar trabalhadores explorados e recolocá-los no mercado de trabalho. ´O Estado usa mal o dinheiro, pois todos os resgatados recebem seguro-desemprego por três meses, mas depois podem voltar ao trabalho escravo`, diz o procurador-geral do Trabalho, Otávio Brito Lopes.

Trabalhadores resgatados (2005-2010)

Maranhão 3.920

Pará 2.500

Mato Grosso do Sul 1.426

Tocantins 1.176

Bahia 1.165

Pernambuco 990

Minas Gerais 957

Mato Grosso 888

Piauí 863

Alagoas 804

Fonte: MPT


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