Doze trabalhadores libertados em Primavera

 11/02/2011

Doze trabalhadores em condições análogas à de escravidão foram libertados na noite de quarta-feira de uma fazenda na zona rural de Primavera do Leste (a 231 quilômetros de Cuiabá). A libertação foi uma ação em conjunto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Ministério Público do Trabalho (MPT) após uma denúncia. Até a tarde de ontem o dono da fazenda, Emanuel Gomes Bezerra Júnior, ainda não havia sido localizado e os fiscais providenciavam a volta dos trabalhadores para casa.

De acordo com o MPT, a ação foi desencadeada por conta de uma denúncia feita no início do mês por um advogado à Procuradoria do Trabalho em Rondonópolis. Os agentes se deslocaram para colher informações por volta das 18h e realizaram o flagrante na fazenda São Francisco.

Os agentes se depararam com doze homens que foram arregimentados por um "gato" conhecido como Joilson, da cidade de Nova Brasilândia. Eles eram mantidos lá desde julho do ano passado sem qualquer registro trabalhista e vivendo em condições precárias – bebendo água imprópria para consumo em alojamentos sem paredes laterais, sem sanitário adequado ou condições mínimas de higiene. A comida, de péssima qualidade, era fornecida por Joilson sem qualquer higiene, segundo o MPT. Os trabalhadores dormiam em camas feitas de caixotes por cima dos quais colocavam colchões surrados. Os varais também eram mantidos no mesmo local. Responsáveis por carpir a área destinada ao plantio de eucaliptos, eles não usavam qualquer equipamento de proteção.

Feito o flagrante, os auditores do MPT começaram a providenciar a retirada dos trabalhadores da área para voltarem a suas residências. Até a tarde de ontem, o MPT ainda tentava providenciar tanto os recursos para o deslocamento dos trabalhadores quanto a documentação para o pagamento de seguro-desemprego. O MPT estuda responsabilizar o dono da fazenda por violação de direitos trabalhistas. Casos do tipo não são novidade em Mato Grosso, que figura com 19 nomes entre os 220 infratores relacionados na mais recente "lista suja do trabalho escravo", atualizada em janeiro.

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