Produtos em SP têm ligação com destruição da Amazônia, diz estudo

 23/02/2011

Levantamento a ser apresentado nesta quarta-feira (23) em São Paulo aponta que produtos usados no cotidiano por consumidores paulistanos podem estar associados à devastação da Amazônia e à exploração ilegal da mão-de-obra daquela região.

A segunda edição do estudo "Conexões Sustentáveis São Paulo – Amazônia" mostra casos em que cadeias produtivas de carne, óleo de soja e material de construção começam em desmatamento e trabalho escravo.

Um dos exemplos é o de empresas de agronegócio que teriam comprado soja de um grupo que produz tem terras embargadas pelo Ibama por desmatamento e uma fazenda instalada ilegalmente em terra indígena. Outro exemplo é o de uma empreiteira que teria usado matéria-prima de uma madeireira com planos de manejo irregulares e exploração ilegal de toras em terra indígena.

Segundo Leonardo Sakamoto, um dos coordenadores do estudo, a equipe envolvida estudou mais de duas dezenas de casos. O trabalho foi realizado pela ONG Repórter Brasil e pela Papel Social Comunicação a pedido do Movimento Nossa São Paulo e do Fórum Amazônia Sustentável.

Grande mercado
Por que o foco em São Paulo? "É um dos maiores consumidores de produtos da Amazônia. Consome muita madeira, carne, couro. Se você regular o consumo de São Paulo, consegue reduzir o impacto sobra a Amazônia consideravelmente", explica o coordenador.

"O objetivo principal dessa investigação é alertar empresas e os consumidores sobre a importância de adotar modelos de negócios que não financiem a exploração predatória dos recursos naturais, a exploração desumana de trabalhadores ou que cause danos às populações tradicionais", diz o relatório. "A ideia não é demonizar as empresas. É mostrar onde há falhas para que possam corrigir e crescer ambientalmente", acrescenta Sakamoto.

O primeiro relatório foi lançado em 2008. A principal diferença do atual é que os varejistas que revendem os produtos ao consumidor final também foram chamados a comentar sobre sua inserção nas cadeias produtivas com irregularidades.

As empresas inseridas em cadeias produtivas que comecem na exploração ilegal da Amazônia podem optar por participar de pactos setoriais em que se comprometem a monitorar e evitar negociar mercadorias ligadas a esse tipo de problema. "Atualmente, são mais de 70 empresas empenhadas em monitorar suas cadeias produtivas e evitar a compra de produtos ligados a crimes contra a Amazônia", diz o estudo.

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