Isso seria a explicação para o aumento de casos de trabalho precário ou escravo; em dez dias, foram 4
CAMPINAS
O MPT (Ministério Público do Trabalho) de Campinas aponta que os casos de trabalho em condições precárias ou análogas à escravidão na RMC (Região Metropolitana de Campinas) migraram do setor canavieiro para a construção civil. Ontem, vinte operários de uma obra foram flagrados em condições precárias de trabalho e alojamento, em Campinas (leia texto abaixo).
Foi o quarto caso em dez dias na RMC (Região Metropolitana de Campinas) e também no ano. O número equivale a mais da metade do registrado ano passado, quando sete flagrantes de trabalho em condições precárias ou análogas à escravidão foram feitos. A migração pode ser a explicação para a quantidade de casos.
MECANIZAÇÃO
De acordo com o MPT, com o crescimento da mecanização no setor canavieiro, trabalhadores que deixavam o Nordeste para trabalhar nesta área migraram para a construção civil, que tem se desenvolvido nos últimos anos, mas não conta com mão de obra suficiente.
Para o Sinduscon (Sindicato da Construção Civil), a migração da cana para o setor de construção e consequente trabalho em condições precárias existe, mas não é um fenômeno novo.
"Não se pode trazer a pessoa direto da colheita de cana-de-açúcar e colocar na construção civil. São setores completamente diferentes", afirmou o diretor regional do Sinduscon, Luiz Claudio Amoroso.
De acordo com ele, o mínimo que o contratante deve fazer é fornecer um curso técnico, que orienta os profissionais sobre ações que prezem por sua segurança e sua saúde.
O MPT informou que foi verificado que a chegada dos trabalhadores é intermediada por pessoas especializadas, conhecidas como "gatos", responsáveis por aliciar a mão de obra com falsas promessas e benefícios.
O órgão explicita que quando chega no local do serviço o trabalhador recebe menos do que o combinado, se depara com condições degradantes de trabalho e não recebe auxílio alimentação ou qualquer benefício. No caso de ontem em Campinas, os trabalhadores faziam sua própria comida e quatro deles dormiam na obra. Dos quatro flagrantes na RMC, três foram em Campinas e um em Hortolândia. Cerca de 125 trabalhadores foram encontrados.
RODRIGO PEREIRA