Maior instituição de fomento da América Latina e uma das maiores do mundo, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vem registrando seguidos recordes de desembolso nos últimos anos, beneficiando principalmente indústrias, projetos agropecuários e obras de infra-estrutura em setores considerados prioritários pelo governo federal. Em 2010, o banco liberou R$ 168,4 bilhões, um aumento de 23% em relação ao ano anterior.
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Políticas de salvaguarda do BNDES carecem de transparência e foco, sustenta análise (Verena Glass) |
A pujança vista nos desembolsos, porém, não se repete na área de sustentabilidade do banco, aponta estudo divulgado nesta quinta-feira (3) pelo Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis (CMA) da ONG Repórter Brasil. Em que pese o recente fortalecimento de seu departamento socioambiental, as políticas de salvaguarda ainda carecem de transparência e foco. Ao financiar grandes projetos de infra-estrutura na Amazônia e empreendimentos sucroalcooleiros no Centro-Sul, o banco vem sendo criticado por organizações civis e é alvo também de uma série de ações movidas pelo Ministério Público (MP).
Ainda que tenha avançado com a criação de critérios específicos para financiamento do setor da pecuária e a assinatura de termo de cooperação com o Ministério Público do Trabalho (MPT) para barrar empresas que praticam trabalho escravo ou infantil, a política socioambiental do BNDES é vacilante, como revelam casos paradigmáticos que têm ganhado as páginas dos jornais.
As usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia, por exemplo, que recebem o suporte de R$ 13,3 bilhões do BNDES, foram alvos de pesados questionamentos quanto à sua viabilidade econômica e ambiental. Acidentes levaram à interdição de parte do canteiro de obras de Santo Antônio, motivada por problemas detectados pela fiscalização trabalhista.
O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público Estadual (MPE) de Rondônia ainda impetraram ação civil pública contra o Estado de Rondônia, o município de Porto Velho, a União, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Energia Sustentável do Brasil (ESBR, empresa responsável pelas obras), por descumprimento de condicionantes estabelecidas para as áreas de saúde, educação, transporte e segurança.
Na mesma direção, o projeto do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte, no rio Xingu, Pará, é outro caso de destaque. A começar pelo aspecto jurídico, Belo Monte é objeto de dez ações capenas pelo MPF – há outras ações apresentadas por organizações da sociedade civil. Se ao menos uma for julgada procedente, todo o processo de licenciamento, bem como o leilão da usina, podem ser anulados. Em 2010, o BNDES concedeu um empréstimo-ponte (linha de curto prazo) de R$ 1,087 bilhão aos empreendedores de Belo Monte.
No ramo sucroalcooleiro, chamam atenção os casos das usinas da Brenco (que tem como sócia o BNDESPar, braço de investimentos em participações acionárias do banco) e da Cosan. Em fevereiro de 2008, 17 trabalhadores sob responsabilidade da Brenco foram libertados em Campo Alegre de Goiás (GO). A Cosan, por sua vez, foi incluída na "lista suja" do trabalho escravo em dezembro de 2009 por ter mantido 42 trabalhadores em condição análoga à escravidão.
Durante o curto período de permanência da Cosan na "lista suja", o BNDES suspendeu os financiamentos de todo o grupo – em atitude inédita, e não apenas da unidade flagrada. As linhas foram, contudo, retomadas imediatamente após a concessão da liminar em janeiro de 2010, antes de qualquer julgamento mais definitivo que pudesse avaliar o mérito da questão.
É importante frisar, ainda, que as violações trabalhistas encontradas na Cosan não se limitam ao caso de trabalho escravo. Um levantamento do MPT, realizado nos anos de 2009 e 2010, revela a ocorrência de irregularidades como extinção do contrato individual de trabalho, jornada de trabalho excessiva, horas excedentes de trabalho, atividades e operações insalubres e perigosas, não pagamento de verbas rescisórias, problemas com equipamentos de proteção individual, anotações irregulares de produção, problemas com a carteira de trabalho e registro de empregados e intermediação irregular de mão de obra.
O estudo produzido pela Repórter Brasil insitula-se "O BNDES e sua política socioambiental – Uma crítica sob a perspectiva da sociedade civil organizada". A pesquisa discute ainda a evolução internacional relacionada à adoção de critérios socioambientais por instituições de crédito e apresenta recomendações para que o BNDES aperfeiçoe seu sistema de gestão nesse setor.
Acesse a íntegra do novo relatório, disponível no seguinte endereço:
http://www.reporterbrasil.org.br/documentos/BNDES_Relatorio_CMA_ReporterBrasil_2011.pdf
Muito importante esse trabalho, e segue aqui minha indicação, porque não investir também no progeto quilombola da região do vale da ribeira, em porto dos pilões iporanga SP., lá os quilombolas estão necessitando de apoio para continuar existindo.
São grupos de varias familias que tem vontade de progredir, mais, existem uma tal fundação instituto de terras, que só atrapalham o pessoal no seu densenvolvimento.
nesta comunidades tem muitas pessoas que não conseguem vender seus produtos, por falta de apoio, eu estive por varias vezes na região, e pude observar o total descaso dos governantes interessados por essa região, que por sinal e uma região de terras muito fertil.
É lamentavel ver tantos dinheiro sendo jogado fora, e ver progetos importantissimo como os quilombolas igual ao do vale do ribeira, abandonados, e tendo uma tal fundão do governo atrapalhando seu desenvolvimentos.
e mais triste ainda, e saber que alem disso, gastam milhões em propagandas mentirosas.
É Fundação Instituto de Terras -ITESP
o_O
"Progeto"?