Trabalhadores de Jirau dizem ser tratados como ´bandidos´

 21/03/2011

Levados para abrigos improvisados em Porto Velho (RO) desde a quinta-feira passada, trabalhadores da usina de Jirau deixaram Rondônia dizendo terem sido vítimas de preconceito nas ruas da cidade e tratados "como bandidos" pelas forças policiais.

Na noite de sexta para sábado, parte do comércio da cidade fechou as portas. A polícia recebeu dezenas de chamadas alertando para saques e quebra-quebras que, segundo a Secretaria de Segurança Pública, jamais ocorreram.

"Sou pai de família. Saí lá do Maranhão para trabalhar. Agora sou tratado como um bandido que vai fazer arruaça. Fomos dar uma volta na rua e as pessoas fechavam as portas. Isso me deixou muito magoado", relatou Cícero Silva, 50, oriundo de Codó (MA).

Sem se identificar, um trabalhador de Ipatinga (MG), 49, queixou-se da quantidade de policiais fortemente armados que fazia a vigilância dos abrigos. Para ele, os policiais estavam ali para proteger a cidade e não os trabalhadores.

Desde sexta-feira, a Camargo Corrêa leva adiante uma grande operação para encaminhar a seus Estados de origem cerca de 8.000 trabalhadores alojados em quatro centros de recepção improvisados na área urbana da cidade.

O trabalho, que incluiu 20 voos fretados e 200 ônibus, deve ser concluído ainda hoje, segundo a empresa -até o final da noite de ontem, ainda faltava embarcar 550 trabalhadores.

HUMILHAÇÃO
No sábado, a Folha acompanhou uma tentativa frustrada de embarque de 150 trabalhadores em um avião fretado até Belém (PA).

Informados de que o voo sairia às 20h, todos aguardavam no saguão do aeroporto quando foram informados pela empresa de que a aeronave só partiria às 4h do dia seguinte e que eles deveriam retornar aos abrigos.

Inconformados com a notícia, muitos também se irritaram com a recomendação, feita por funcionários da Camargo Corrêa, para que aguardassem pelo transporte no lado de fora do aeroporto. Foi o suficiente para chegassem carros trazendo reforços da Polícia Federal.

"É a maior humilhação que já sofri na vida. Veja quantos policiais. Todos no aeroporto nos olhando como se fôssemos bandidos. E a única coisa que eu quero é ir embora", diz um trabalhador de 35 anos, oriundo de Tucuruí (PA).

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