Pesquisa realizada com moradores de duas comunidades de Açailândia (MA) apontou que a fumaça e a poluição do ar geradas por siderúrgicas e carvoarias instaladas na região estão provocando danos à saúde.
O relatório da pesquisa, elaborado pela ONG Justiça Global, FIDH (Federação Internacional de Direitos Humanos) e rede Justiça nos Trilhos, foi apresentado nesta quarta-feira (18).
O povoado Piquiá de Baixo, onde moram 300 famílias, é cercado por cinco siderúrgicas. Moradores reclamam que o pó de ferro presente no ar causa problemas respiratórios e irritação nos olhos.
A pesquisa apontou que a maioria dos entrevistados (56,5%) descreve seu estado de saúde como "muito ruim" ou "ruim". Na média da população brasileira, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional de Domicílios) de 2008, essa percepção é de 3,8%.
O assentamento Califórnia, onde vivem 268 famílias, é cercado por 66 fornos de produção de carvão vegetal que começaram a operar em 2005. Desde então, os moradores se queixam que a fumaça provoca problemas respiratórios.
A secretaria de Saúde de Açailândia, afirma o relatório, constatou que os casos de pneumonia, bronquite, asma, irritação na pele e nos olhos são mais frequentes nessas comunidades do que no restante do município.
O relatório cobra das empresas e órgãos que integram a cadeira de exploração do minério de ferro –entre elas a Vale e o BNDES– a reparação dos danos.
Cópia do estudo será enviada a órgãos de defesa de direitos humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) e da ONU.
"Esperamos que as autoridades e empresas responsáveis pelos danos finalmente tomem medidas", disse o advogado Danilo Chammas, da rede Justiça nos Trilhos.
O Sindicato das Indústrias de Ferro Gusa do Maranhão disse que, quando as siderúrgicas se instalaram ali, há 25 anos, a região não era habitada. E culpou o poder público por permitir que famílias mudassem para lá.
Nem a Vale nem o BNDES comentaram o relatório.