Sindicatos brigam por representação em Jirau e Santo Antônio

 16/05/2011

A construção das hidrelétricas Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia, acirrou os ânimos dos sindicalistas da região. Desde o início das obras, representantes da Força Sindical, da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e lideranças independentes se engalfinham para ter a representatividade dos mais de 30.000 trabalhadores que erguem as megausinas. Por trás da briga, está a gorda contribuição sindical que os funcionários fazem mensalmente.

A rivalidade chegou a tal ponto que o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Rondônia (Sticcero), filiado à CUT, está sendo denunciado por ter sugerido ao Consórcio Construtor Santo Antônio a demissão de trabalhadores de outras correntes sindicais por causa do conflito ocorrido no canteiro de obras em 2010.

A disputa entre as lideranças ganhou força no início do ano passado, quando o então presidente do Sticcero, Antonio Acácio Amaral, foi acusado de irregularidades pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e destituído. Ele era ligado à Força Sindical. Um presidente interino assumiu o lugar até a realização de nova eleição. A CUT venceu e assumiu o sindicato, mas Amaral continuou com seguidores dentro das obras das hidrelétricas.

Além do ex-presidente, o Sticcero também ganhou concorrência de fora do Estado. Uma nova corrente vinda do Pará desembarcou em Porto Velho para representar os funcionários das usinas: o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada (Sintrapav), regido pela Federação Nacional dos Trabalhadores na Construção Pesada (Fenatracoop), que em vários Estados do País é filiada à Força. Em nota, a direção da Força Sindical afirmou que desautorizou qualquer dirigente a fazer negociação na região.

Histórico – Os canteiros de obras nas duas usinas já foram palco de cenas de destruição e violência por causa dos conflitos provocados por funcionários. A unidade de Santo Antônio foi a primeira a vivenciar a crise. Em junho de 2010, funcionários fizeram uma manifestação violenta, com destruição de veículos, reivindicando um ajuste salarial de 30%.

Em março deste ano foi a vez de Jirau. Sem uma liderança organizada, cerca de 350 trabalhadores iniciaram uma briga que resultou em ônibus, carros e alojamentos destruídos. A Força Nacional de Segurança foi chamada para conter as manifestações. Por causa do tumulto, as obras de Santo Antônio também ficaram paralisadas por alguns dias.

As usinas da região do Rio Madeira estão entre as mais importantes obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Juntas, Jirau e Santônio tiveram investimentos maiores que 25 bilhões de reais e têm capacidade instalada de 6.450 Megawatts de potência. As construções atraíram moradores para a região, movimentando o comércio e preocupando os órgãos de segurança.

A mesma preocupação existe no Pará, onde será construída a Usina de Belo Monte, a terceira maior do país. A expectativa é de que pelo menos 100.000 pessoas migrem para as margens do Rio Xingu, inchando uma região que já convive com a falta de infraestrutura.

(Com Agência Estado)

APOIE

A REPÓRTER BRASIL

Sua contribuição permite que a gente continue revelando o que muita gente faz de tudo para esconder

LEIA TAMBÉM