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Flagrada com trabalho escravo, Zara diz que ampliará monitoramento de fornecedores

Flagrada com trabalho escravo, Zara diz que ampliará monitoramento de fornecedores Compromisso foi assumido pelo diretor corporativo da grife espanhola, Jesus Echevarria, que compareceu à audiência na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Em maio e junho, fiscais flagraram trabalho escravo em três fornecedores da companhia. Da Redação SÃO PAULO – O diretor corporativo do grupo espanhol Inditex, Jesus Echevarria, dono da marca Zara, disse nesta quarta-feira (14) em audiência pública na Câmara dos Deputados que a empresa irá fortalecer o monitoramento de sua cadeia de fornecedores no Brasil. Em operações realizadas em maio e junho por fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), três oficinas de costura que fabricavam peças de roupas para a Zara foram flagradas mantendo trabalhadores em situação análoga à escravidão. Ao todo, 67 trabalhadores foram liberados, entre eles ao menos 14 bolivianos e um peruano. Os fiscais flagraram irregularidades no registro em carteira e nos pagamentos, falta de condições de higiene e segurança nas oficinas, jornadas de até 14 horas e até cerceamento de liberdade. O caso chegou a derrubar as ações da empresa na Bolsa de Madri. Em sua defesa, a companhia espanhola tem alegado que não sabia do problema, o qual só teria ocorrido porque um de seus fornecedores diretos – a AHA Ind. Com. Roupas – realizou "terceirização não autorizada" ao contratar as oficinas flagradas com trabalhadores escravos. De acordo com a legislação brasileira, porém, a Zara era a contratante principal do serviço e, portanto, também assume responsabilidades. A empresa terá responder a 48 autos de infração emitidos pelos fiscais. Além disso, um processo administrativo que corre no MTE pode incluir a companhia na lista suja do trabalho escravo. Durante a audiência pública, promovida pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, Echevarria afirmou que a empresa aguarda manifestação do Ministério Público do Trabalho para indenizar os libertados. "O importante é que a Zara se pôs em contato com os trabalhadores, está em contato permanente", disse ele, para quem a intensificação do monitoramento dos fornecedores deve evitar novos problemas do tipo. De acordo com a ONG Repórter Brasil, uma das entidades que coordenam o Pacto Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, a Zara possui um sistema de monitoramento de sua cadeia produtiva e chegou a realizar nove auditorias prévias em fornecedores brasileiros, mas não executou o acompanhamento de nenhuma delas. A presença de Echevarria na Câmara é um indicativo de que a empresa, que acaba de contratar uma nova assessoria de imprensa no Brasil, "acusou o golpe" e decidiu mudar a estratégia de defesa. No final de agosto, convidada pela Assembléia Legislativa de São Paulo para uma audiência sobre o caso, sequer enviou representante. Na ocasião, deputados ameaçaram criar uma CPI do Trabalho Escravo. A exploração de trabalhadores no ramo das confecções, segundo a ONG Repórter Brasil, não é exclusividade da Zara. Outras grandes empresas brasileiras e estrangeiras, como Pernambucanas, Marisa e C&A já tiveram fornecedores flagrados mantendo empregados em condição análoga à de escravos.

Flagrada com trabalho escravo, Zara diz que ampliará monitoramento de fornecedores

Compromisso foi assumido pelo diretor corporativo da grife espanhola, Jesus Echevarria, que compareceu à audiência na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Em maio e junho, fiscais flagraram trabalho escravo em três fornecedores da companhia.

Da Redação

SÃO PAULO – O diretor corporativo do grupo espanhol Inditex, Jesus Echevarria, dono da marca Zara, disse nesta quarta-feira (14) em audiência pública na Câmara dos Deputados que a empresa irá fortalecer o monitoramento de sua cadeia de fornecedores no Brasil.

Em operações realizadas em maio e junho por fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), três oficinas de costura que fabricavam peças de roupas para a Zara foram flagradas mantendo trabalhadores em situação análoga à escravidão.

Ao todo, 67 trabalhadores foram liberados, entre eles ao menos 14 bolivianos e um peruano. Os fiscais flagraram irregularidades no registro em carteira e nos pagamentos, falta de condições de higiene e segurança nas oficinas, jornadas de até 14 horas e até cerceamento de liberdade. O caso chegou a derrubar as ações da empresa na Bolsa de Madri.

Em sua defesa, a companhia espanhola tem alegado que não sabia do problema, o qual só teria ocorrido porque um de seus fornecedores diretos – a AHA Ind. Com. Roupas – realizou "terceirização não autorizada" ao contratar as oficinas flagradas com trabalhadores escravos.

De acordo com a legislação brasileira, porém, a Zara era a contratante principal do serviço e, portanto, também assume responsabilidades. A empresa terá responder a 48 autos de infração emitidos pelos fiscais. Além disso, um processo administrativo que corre no MTE pode incluir a companhia na lista suja do trabalho escravo.

Durante a audiência pública, promovida pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, Echevarria afirmou que a empresa aguarda manifestação do Ministério Público do Trabalho para indenizar os libertados. "O importante é que a Zara se pôs em contato com os trabalhadores, está em contato permanente", disse ele, para quem a intensificação do monitoramento dos fornecedores deve evitar novos problemas do tipo.

De acordo com a ONG Repórter Brasil, uma das entidades que coordenam o Pacto Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, a Zara possui um sistema de monitoramento de sua cadeia produtiva e chegou a realizar nove auditorias prévias em fornecedores brasileiros, mas não executou o acompanhamento de nenhuma delas.

A presença de Echevarria na Câmara é um indicativo de que a empresa, que acaba de contratar uma nova assessoria de imprensa no Brasil, "acusou o golpe" e decidiu mudar a estratégia de defesa. No final de agosto, convidada pela Assembléia Legislativa de São Paulo para uma audiência sobre o caso, sequer enviou representante. Na ocasião, deputados ameaçaram criar uma CPI do Trabalho Escravo.

A exploração de trabalhadores no ramo das confecções, segundo a ONG Repórter Brasil, não é exclusividade da Zara. Outras grandes empresas brasileiras e estrangeiras, como Pernambucanas, Marisa e C&A já tiveram fornecedores flagrados mantendo empregados em condição análoga à de escravos.


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