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Homens em situação de escravidão andavam 6 km para deixar sítio

Doze trabalhadores da Paraíba viviam em alojamento com condições precárias Doze trabalhadores rurais da Paraíba viviam em situação de escravidão em Piracicaba, de acordo com o Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador) , que nesta quinta-feira (8) fiscalizou um alojamento no Sítio Paulista Água Santa, no Distrito Industrial Uninorte. Eles foram contratados para cortar cana por uma empresa que presta serviço para a Usina Costa Pinto, do Grupo Cosan, e, além de pagar o aluguel do local, tinham que caminhar seis quilômetros até o ponto de ônibus mais próximo do local, caso quisessem sair da casa. "O termo que nós usamos é de neo-escravidão, que é quando o trabalhador não tem autonomia de transporte, fica a mercê do empregador. Eles também dependiam do empregado para comprar a comida. Existem várias irregularidades", afirma o técnico em segurança do trabalho do Cerest, Marcos Hister. A casa também estava em condições precárias: o esgoto é ao ar livre, a água não é potável e o lixo produzido precisava ser queimado pelos trabalhadores. Não havia acordo entre o trabalho produzido e a remuneração e R$ 15 eram descontados por mês de cada um deles para o pagamento do aluguel, mais o valor da alimentação. "Esta empresa não poderia fazer esses descontos e não poderia terceirizar esse trabalho. Outra irregularidade é o desconto do dia de pagamento quando chove, o que não deveria ocorrer", diz Hister. A denúncia foi feita por um dos trabalhadores, que está na casa há três meses. Os trabalhadores seriam conduzidos para um hotel, mas no fim da tarde desta quinta, o Cerest informou que os 12 homens ficarão no local até sexta-feira de manhã, quando será homologado a rescisão de contrato no sindicato. Em seguida, os trabalhadores serão encaminhados de volta à Paraíba.. "Nós éramos em 17, mas como as condições são ruins, cinco já desistiram", conta o trabalhador rural Damião Sebastião de Barros. "Nós viemos para cá porque a promessa era de que o pagamento seria bom", completa. Outro ladoO proprietário da empresa, Pedro Geraldo Bessi, não quis se manifestar sobre as irregularidades, mas afirmou ao EP Piracicaba que vai pagar todos os direitos dos trabalhadores rurais e providenciar a volta deles para a Paraíba. "Se eles estão insatisfeitos, eu não tenho o que fazer, vou resolver isso no escritório", disse. Por meio de nota, a Usina Costa Pinto afirma que não compactua com qualquer irregularidade praticada por prestadores de serviços ou fornecedores e exige dos mesmos o cumprimento rigoroso das normas estabelecidas pela legislação. Diz ainda estar disposta a tomar as providências necessárias para investigar e descredenciar de sua cadeia produtiva empresas que não compactuem com os valores da companhia. Sobre o caso específico no Sítio Paulista Água Santa, informa que tão logo tome conhecimento dos detalhes da fiscalização, analisará o ocorrido e adotará todas as medidas necessárias. ReuniãoDevido ao grande número de casos de trabalho escravo ou sub-humano na cidade, o Ministério Público e o Cerest de Piracicaba convocaram todas as empresas do município para uma reunião sobre a condição dos alojamentos, na próxima terça-feira (13), na Câmara. A empresa que não participar será punida. Nota da redação: Ao contrário do que foi informado no início da tarde, o local não foi interditado, já que os trabalhadores deixarão o local apenas nesta sexta-feira de manhã.

Doze trabalhadores da Paraíba viviam em alojamento com condições precárias

Doze trabalhadores rurais da Paraíba viviam em situação de escravidão em Piracicaba, de acordo com o Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador) , que nesta quinta-feira (8) fiscalizou um alojamento no Sítio Paulista Água Santa, no Distrito Industrial Uninorte. Eles foram contratados para cortar cana por uma empresa que presta serviço para a Usina Costa Pinto, do Grupo Cosan, e, além de pagar o aluguel do local, tinham que caminhar seis quilômetros até o ponto de ônibus mais próximo do local, caso quisessem sair da casa.

"O termo que nós usamos é de neo-escravidão, que é quando o trabalhador não tem autonomia de transporte, fica a mercê do empregador. Eles também dependiam do empregado para comprar a comida. Existem várias irregularidades", afirma o técnico em segurança do trabalho do Cerest, Marcos Hister.

A casa também estava em condições precárias: o esgoto é ao ar livre, a água não é potável e o lixo produzido precisava ser queimado pelos trabalhadores. Não havia acordo entre o trabalho produzido e a remuneração e R$ 15 eram descontados por mês de cada um deles para o pagamento do aluguel, mais o valor da alimentação.

"Esta empresa não poderia fazer esses descontos e não poderia terceirizar esse trabalho. Outra irregularidade é o desconto do dia de pagamento quando chove, o que não deveria ocorrer", diz Hister.

A denúncia foi feita por um dos trabalhadores, que está na casa há três meses. Os trabalhadores seriam conduzidos para um hotel, mas no fim da tarde desta quinta, o Cerest informou que os 12 homens ficarão no local até sexta-feira de manhã, quando será homologado a rescisão de contrato no sindicato. Em seguida, os trabalhadores serão encaminhados de volta à Paraíba.. "Nós éramos em 17, mas como as condições são ruins, cinco já desistiram", conta o trabalhador rural Damião Sebastião de Barros. "Nós viemos para cá porque a promessa era de que o pagamento seria bom", completa.

Outro lado
O proprietário da empresa, Pedro Geraldo Bessi, não quis se manifestar sobre as irregularidades, mas afirmou ao EP Piracicaba que vai pagar todos os direitos dos trabalhadores rurais e providenciar a volta deles para a Paraíba. "Se eles estão insatisfeitos, eu não tenho o que fazer, vou resolver isso no escritório", disse.

Por meio de nota, a Usina Costa Pinto afirma que não compactua com qualquer irregularidade praticada por prestadores de serviços ou fornecedores e exige dos mesmos o cumprimento rigoroso das normas estabelecidas pela legislação. Diz ainda estar disposta a tomar as providências necessárias para investigar e descredenciar de sua cadeia produtiva empresas que não compactuem com os valores da companhia. Sobre o caso específico no Sítio Paulista Água Santa, informa que tão logo tome conhecimento dos detalhes da fiscalização, analisará o ocorrido e adotará todas as medidas necessárias.

Reunião
Devido ao grande número de casos de trabalho escravo ou sub-humano na cidade, o Ministério Público e o Cerest de Piracicaba convocaram todas as empresas do município para uma reunião sobre a condição dos alojamentos, na próxima terça-feira (13), na Câmara. A empresa que não participar será punida.

Nota da redação: Ao contrário do que foi informado no início da tarde, o local não foi interditado, já que os trabalhadores deixarão o local apenas nesta sexta-feira de manhã.


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