Pernambuco é um dos estados que mais tiram pessoas de situações de trabalho escravo. A constatação foi feita pelo Ministério Público do Trabalho, que debate o assunto em um seminário no Recife, até esta quarta-feira (26).

De acordo com a procuradora do Trabalho, Débora Tito, o dado foi levantado em 2009. "O trabalho escravo não está restrito a alguns rincões do Brasil, ele pode estar em qualquer lugar, porque a ganância dos empresários coisifica o trabalhador", disse.

O NETV 2ª Edição acompanhou o primeiro dia do evento, onde representantes dos trabalhadores, de universidades e de movimentos sociais vão traçar estratégias para combater essa situação. "O trabalho escravo, hoje, é o descumprimento de uma legislação. É colocar o trabalhador em um longo período de jornada sem pagamento adequado", falou o coordenador do seminário, Roberto Saraiva.

Escravidão moderna
A escravidão é a realidade de dois canavieiros, personagens de um mesmo drama: anos e anos de trabalho exaustivo no campo e nenhum direito trabalhista. Sem se identificar, um deles fala que trabalha desde os 11 anos e se sente como "um pássaro sem asas, sem poder fazer nada".

Eles não têm fundo de garantia, férias e recebem menos que o salário mínimo. O outro trabalhador, que também pediu para não ser identificado, diz que ganha R$ 210 por quinzena.

Uma das propostas do seminário é a formação de um fórum, com participação de entidades sociais e universidades, para fiscalizar e combater o trabalho escravo e assegurar a dignidade ao trabalhador.

Em nota, o secretário do Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo de Pernambuco, Antonio Carlos Maranhão, explicou que assegurar emprego e trabalho decente é preocupação nacional. O secretário afirmou, ainda, que foram realizadas, desde o mês passado, seis conferências regionais em municípios do Sertão, Agreste e Zona da Mata de Pernambuco para discutir esse assunto.