Funcionários da Fazenda Michelin em MT denunciam trabalho escravo

 11/11/2011

Trabalhadores da fazenda Michelin próximo a Ouro Branco paralisam as atividades, nesta quinta-feira, 10, para reivindicar aumento salarial e condições de trabalho. Os representantes da fazenda, dos funcionários e do Sindicado dos Trabalhadores Rurais estiveram reunidos hoje na tentativa de chegar a um acordo. A Polícia Militar esteve no local para evitar tumultos durante as negociações.

Os funcionários acusam a empresa de "trabalho escravo", pois a proposta de salário, moradia e jornada de trabalho estão longe do prometido para os trabalhadores. Segundo um funcionário do local, Robson Manoel de Jesus de Arruda, não há nem água para beber quando estão trabalhando no seringal. "A empresa não nos leva água e nem comida temos que levar alimentação de casa como "boias frias", às vezes a comida chega a azedar por não ter um local adequado. Não há banheiro, mulheres e homens que trabalham juntos tem que se virar para poder fazer as necessidades", fala.

Outro funcionário do local, Diogo Henrique da Silva, contou que quando foram contratados as condições oferecidas foram bem diferentes do que as que eles estão vivendo hoje. "Nos prometeram o salário de R$ 1.200, mas estamos ganhando a base de R$ 545 e ainda nos descontam a energia da casa onde vivemos não sobra praticamente nada. Há casas aqui que chegam morar dez pessoas no mesmo lugar, não tem condições é muito apertado", diz.

O advogado do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondonópolis, Vanderlei Pereira, comentou que já vinha acompanhando o caso desses trabalhadores. "Alguns dias atrás fizemos uma assembleia e levamos para os representantes da fazenda as reivindicações dos funcionários, mas como a empresa demorou para se manifestar os trabalhadores acabaram fazendo a paralisação", alega.

O assessor jurídico da Fazenda Michelin, Jean Dornelas, negou as acusações dos funcionários sobre falta de condições de trabalho e disse que o ocorrido foi um caso isolado. "Esse foi o 1º ano da atividade da empresa e alguns funcionários que vieram de Nova Olímpia não se adaptaram ao serviço, mas isso foi um caso isolado. De 600 funcionários apenas um grupo de 20 pessoas estão insatisfeitos, mas eles foram dispensados hoje e receberão todos os seus direitos e ainda o transporte até suas cidades", conta.

Em relação ao aumento salarial, Dornelas afirmou que a empresa está analisando a possibilidade. No local havia mais de 100 funcionários que participavam da manifestação. Depois da reunião alguns dos funcionários aprovaram as propostas da Fazenda e resolveram pedir as contas junto com os 20 que já haviam sido dispensados.

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