No interior de São Paulo, tem crescido o número de denúncias de trabalho escravo de estrangeiros. A maioria, bolivianos, que vêm trabalhar em confecções de roupas. Em um alojamento, havia mau cheiro e pouca ventilação. Uma cama dividia espaço com as roupas produzidas. Cinco bolivianos que não têm visto para permanecer no Brasil foram encontrados trabalhando. Três crianças também estavam no local.
Uma casa funcionava como fábrica e alojamento. Havia risco de explosão com botijão de gás no dormitório e instalação elétrica precária. Eram mais de 50 trabalhadores, a maioria, bolivianos.
"Na promessa de ganhar mais e ter uma vida melhor para ele e para família, ele vem. Normalmente, é um trabalhador jovem, que vem com a família e com filhos pequenos", afirma a procuradora Catarina Von Zuben.
O Ministério Público do Trabalho investiga a participação de grandes grifes de roupa no esquema e acredita que 100 mil bolivianos vivem no interior de São Paulo ilegalmente e trabalham ilegalmente em confecções. A maioria está sem carteira assinada, sem nenhum direito trabalhista e morando em alojamentos precários.
"Ele ganham centavos por peça produzida e se errarem pagam pelo valor da peça vendida no mercado", diz a presidente do comitê, Maria Ivone Aranha.
Outra preocupação é com o impacto econômico que a contratação ilegal de estrangeiros traz para o setor. Empresas legalizadas pagam pelo menos três vezes mais para manter o funcionário.
A concorrência desleal faz com que o gerente comercial Carlos Eduardo Rodrigues da Silva se preocupe com o futuro. Ele perdeu nove clientes esse ano. "Afeta diretamente o nosso mercado, porque o meu concorrente alavanca muito mais rápido, tem um lucro maior pela informalidade", conta o gerente.