Trabalhadores do setor têxtil, na capital paulista, cumprem carga de trabalho de 16 a 18 horas por dia. E recebem em média R$ 2 por peça produzida. A afirmação é da presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Setor Têxtil, Eunice Cabral, que também é presidente do Sindicato das Costureiras de São Paulo e Osasco.
A empresa de moda Zara foi denunciada, em maio, pela prática de trabalho escravo em oficinas de confecção em São Paulo. Eunice disse que a empresa de confecção AHA, terceirizada pela Zara, tinha 300 trabalhadores há cinco anos, e hoje conta com apenas 30. Segundo ela, nesse período, a produção só aumentou.
Ela participa de audiência pública sobre trabalho escravo promovida pela Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público.
Eunice Cabral informou que a capital paulista conta com 80 mil profissionais no setor, a maioria bolivianos, que trabalham por períodos muito superiores ao permitido pela legislação, quase sempre em condições sub-humanas. "Eles moram no próprio local de trabalho. São de 4 a 10 famílias em uma única casa. Muitos estão ilegalmente no Brasil, mas isso não dá o direito de serem explorados", denuncia Cabral.