Campanha da Fraternidade trata de mercado de gente

 25/06/2012

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aprovou, no último dia 20, o tema para a Campanha da Fraternidade de 2014: “Fraternidade e Tráfico Humano”. A mobilização tratará da questão do tráfico de pessoas, no Brasil, para exploração sexual e trabalho escravo.

O objetivo, segundo frei Xavier Plassat e  Francisco Alan Santo Lima, da Comissão Pastoral da Terra (CPT),  da Campanha “De Olho aberto para não virar escravo” , é “acordar comunidades e autoridades do nosso país para uma vigilância redobrada e dinamizar o esforço coletivo para erradicar a chaga do tráfico humano em nosso meio”.  Em artigo, os dois analisam  que esse tema retrata, infelizmente, uma realidade cada vez mais presente no mundo globalizado.  É no “tráfico humano” que começa a maioria dos casos de escravidão contemporânea, apontam. Leia íntegra do artigo.

Levantamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado no início de junho deste ano, estima que pelo menos 20,9 milhões de pessoas em todo o planeta, são vítimas de trabalho forçado. Desse total, estima-se, 78% iriam para atividades análogas à escravidão, enquanto que 22% para o tráfico envolvendo exploração sexual; 74% seriam adultos e 26%, crianças; e 55% seriam de mulheres contra 45% de homens.

Demanda por escravos
Desde 2003, a CPT identificou, no Brasil, cerca de 250 casos por ano de trabalhadores em condição análoga à de escravo. Desde 1995, equipes de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) já resgataram mais de 42 mil trabalhadores nessa situação, principalmente no campo.

De acordo com a Organização Internacional para Migrações (OIM), o tráfico de pessoas e o contrabando de migrantes crescem em função da maior demanda e da tendência, na América Latina, de importar trabalho barato, em condições precárias. Uma parte considerável dos empregados em condição degradante no Brasil é de bolivianos e peruanos que trabalham em oficinas de costura ilegais.

“Erradicar a chaga do tráfico humano exige muito mais que libertar suas vítimas imediatas; implica em arrancar suas raízes e eliminar os mecanismos que tornam possível sua reprodução: vulnerabilidade da extrema pobreza, ganância de agentes econômicos sem escrúpulo, permanência das desigualdades de gênero, impunidade selada em estruturas mortífera”, afirmam Xavier e Francisco.

*Atualizada nesta quarta-feira (26) para inclusão de informações.

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