Uma pesquisa feita pela organização ANDI – Comunicação e Direitos, com apoio da Fundação Ford e Fundação W. K. Kellogg, aponta que jornais brasileiros são negligentes ao discutir a relação entre racismo e homicídios no Brasil. Com base na análise de edições de 2007 a 2010 de 54 periódicos impressos das cinco regiões, o estudo acusa “a clara desvinculação entre as violências físicas praticadas contra a população negra e o debate sobre seu contexto primordial de produção – ou seja, o racismo”.
A pesquisa destaca “a necessidade de rastreamento das práticas racistas, que nem sempre se traduzem pelo ódio explícito à diferença étnica” e que “seus dispositivos são acionados, muitas vezes, de modo automatizado, naturalizado, quase silencioso, dificultando a identificação e o combate ao fenômeno”. Entre as conclusões sobre tendência geral da cobertura jornalística sobre racismo, o estudo da ANDI aponta que (trecho da página 14 do relatório – clique aqui ou na imagem abaixo para baixar o texto na íntegra em PDF, ou aqui para acessar uma versão resumida):
- “ Os jornais impressos analisados discutiram racismo durante o período em foco, impulsionados, dentre outros fatores, pela ação do movimento social brasileiro – e pelo Movimento Negro.
- O debate é tecnicamente qualificado – o que não significa dizer que o posicionamento seja predominantemente favorável aos mecanismos de enfrentamento ao racismo propostos por organizações do movimento social e instituições do Estado brasileiro.
- Contrariando a tendência de outras coberturas temáticas, o noticiário sobre racismo é permeado por um volume significativo de conteúdos opinativos. E a maioria desses espaços comporta posicionamento majoritariamente contrário ao sistema de cotas raciais, por exemplo.
- Ainda destoando da tendência verificada em outros noticiários temáticos, é um jornal de circulação regional (A Tarde – BA) que vem liderando, em termos quantitativos, o debate sobre racismo, seguido por um diário de abrangência nacional (O Estado de S.Paulo).
- Há uma clara desvinculação entre as violências físicas praticadas contra a população negra e o debate sobre seu contexto primordial de produção – ou seja, a violência simbólica do racismo“.