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Pouco mais de um ano após ter seu nome incluído na relação do Ministério do Trabalho e Emprego de empregadores flagrados explorando trabalhadores em condições análogas às de escravos, a chamada "lista suja", o prefeito de Toledo (MG), Vicente Pereira de Souza Neto (PR), envolveu-se em novo escândalo. Reeleito para o cargo, o político desta vez é apontado como responsável pela briga de rua ocorrida em 4 de novembro envolvendo seus correligionários, adversários políticos e até soldados da Polícia Militar.
De acordo com nota enviada pela assessoria de imprensa da Polícia Militar de Pouso Alegre (MG), município vizinho a Toledo (MG), ele responde por "incitação ao crime", conforme Boletim de Ocorrência registrado na ocasião, além de ser suspeito de outras irregularidades em sua gestão. Vicente é investigado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual. Procurado pela reportagem, o prefeito negou, por meio da assessoria de imprensa da Prefeitura, ter participado do conflito ou incitado as agressões, bem como irregularidades como gestor.
A confusão começou, segundo a PM, porque, após a vitória nas eleições, Vicente Neto e seus correligionários teriam disparado fogos de artifício na casa de um adversário político. Incomodado, este tentou registrar Boletim de Ocorrência (BO), mas foi impedido. A confusão foi registrada por câmeras de segurança e divulgado pela emissora EPTV. Sobre as imagens a assessoria do político alega que a edição delas “tem muitos cortes” e pode induzir erroneamente à ideia de que ele participou da confusão. Assista ao vídeo:
Em destaque, o político aparece junto de correligionários que participam de briga na rua em frente ao quartel da PM na cidade (Imagens: EPTV)
Irregularidades
A promotora Sumara Soares, do Ministério Público Estadual, afirmou à Repórter Brasil ter solicitado esclarecimentos ao prefeito sobre a confusão e as denúncias de irregularidades. Ela não quis, no entanto, dar detalhes sobre o caso alegando não estar autorizada a conceder entrevistas por telefone. A reportagem entrou em contato também com a Delegacia da Polícia Civil de Extrema (MG), mas não obteve um posicionamento sobre as investigações em curso.
Desde que a confusão aconteceu, três vans de transporte escolar e um caminhão de lixo da Prefeitura em situação irregular foram aprendidos. De acordo com informações da PM, os veículos que transportavem crianças na escola estavam em situação irregular e eram conduzidos por motoristas sem habilitação adequada para dirigi-los.
“Lista suja”
Vicente Neto foi incluído na “lista suja” na atualização de julho de 2011 do cadastro mantido pelo MTE com o nome de empregadores que utilizaram de mão de obra em regime de escravidão contemporânea. De acordo com fiscalização do grupo móvel de combate ao trabalho escravo realizada em 2009, 41 trabalhadores estavam submetidos a condições degradantes em uma fazenda de propriedade do político, com plantação de batatas, em Vianópolios (GO).
A assessoria de Vicente Neto nega a exploração de escravos e alega que ele “nunca teve fazenda em Goiás”. Realmente, nas declarações de bens que apresentou à Justiça Eleitoral, nas duas vezes em que foi eleito, ele nunca declarou imóveis em Goiás. No Sistema Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviços (Sintegra), no entanto, constam seis registros de propriedades cadastradas em Goiás com o CPF 171.503.536-49, que pertence ao político, todas para cultivo de batata-inglesa.