Direitos humanos

Pedro Casaldáliga lembra escravizados ao receber homenagem

Bispo recebe reconhecimento por seu trabalho em defesa dos povos de São Félix do Araguaia em comemoração aos 20 anos do Ministério Público do Mato Grosso
Por Daniel Santini
 01/02/2013

São Félix do Araguaia (MT) – O bispo Pedro Casaldáliga dedicou aos escravizados a homenagem que recebeu por sua atuação em defesa dos direitos humanos e no combate à escravidão contemporânea durante o seminário “1970-2012: A Luta pela Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil”, realizado em São Félix do Araguaia na noite desta sexta-feira, 1º de fevereiro. O evento, organizado pela Comissão Pastoral da Terra foi também de comemoração dos 20 anos do Ministério Público do Trabalho no Mato Grosso e reuniu moradores locais e de cidades vizinhas, representantes de prefeituras da região e autoridades.

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Pedro Casaldáliga recebe placa em sua homenagem das mãos de Thiago Ribeiro, procurador-chefe do MPT-MT. Foto: Daniel Santini

Aos 84 anos, o bispo fez questão de permanecer entre o público durante o evento, sentado em uma cadeira de plástico como os demais. Conversou com todos que o procuraram, agradeceu a homenagem e defendeu a importância da continuidade na luta contra o trabalho escravo contemporâneo. O protagonismo do missionário nas denúncias no país foi destacado por Thiago Gurjão Alves Ribeiro, procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho. Ele lembrou que Pedro escreveu relatórios detalhados apresentando dados sobre casos específicos na década de 1970 em plena ditadura militar, com o “estado brasileiro então tomado de assalto pelo totalitarismo”.

Ele explicou que o órgão optou por celebrar os 20 anos da existência da instituição no Mato Grosso, “longe dos palácios, coquetéis e celebridades”, para ser “um ato que marcasse a essência do que somos”. Também destacou que a opção foi também um posicionamento. “Ou se está de um lado, ou se está de outro. E nós estamos do lado dos direitos humanos”, afirmou. “Homenagear alguém é dizer o que somos e o que queremos ser”.

Escravo, Nem Pensar!
No evento, aconteceu também o lançamento da nova edição do livro “Escravo, Nem Pensar! – Uma abordagem sobre o trabalho escravo contemporâneo na sala de aula e na comunidade”, publicação da Repórter Brasil. “Para nós, foi importante fazer o lançamento em uma homenagem como esta no Mato Grosso, onde ainda há problemas recorrentes e todo histórico”, disse a educadora Carolina Motoki, responsável pelo escritório da organização em Araguaína, no Tocantins.

Também foi realizada uma mesa de debate com o procurador Marco Aurélio Estraiotto, o coordenador da campanha de combate à escravidão da CPT Xavier Plassat, que participou representando a Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae), e do secretário-geral da Comissão Estadual para a Erradicação do Trabalho Escravo no Mato Grosso (Coetrae-MT) Edimar Roberto  Brandini.

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