São Félix do Araguaia (MT) – O bispo Pedro Casaldáliga dedicou aos escravizados a homenagem que recebeu por sua atuação em defesa dos direitos humanos e no combate à escravidão contemporânea durante o seminário “1970-2012: A Luta pela Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil”, realizado em São Félix do Araguaia na noite desta sexta-feira, 1º de fevereiro. O evento, organizado pela Comissão Pastoral da Terra foi também de comemoração dos 20 anos do Ministério Público do Trabalho no Mato Grosso e reuniu moradores locais e de cidades vizinhas, representantes de prefeituras da região e autoridades.
Aos 84 anos, o bispo fez questão de permanecer entre o público durante o evento, sentado em uma cadeira de plástico como os demais. Conversou com todos que o procuraram, agradeceu a homenagem e defendeu a importância da continuidade na luta contra o trabalho escravo contemporâneo. O protagonismo do missionário nas denúncias no país foi destacado por Thiago Gurjão Alves Ribeiro, procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho. Ele lembrou que Pedro escreveu relatórios detalhados apresentando dados sobre casos específicos na década de 1970 em plena ditadura militar, com o “estado brasileiro então tomado de assalto pelo totalitarismo”.
Ele explicou que o órgão optou por celebrar os 20 anos da existência da instituição no Mato Grosso, “longe dos palácios, coquetéis e celebridades”, para ser “um ato que marcasse a essência do que somos”. Também destacou que a opção foi também um posicionamento. “Ou se está de um lado, ou se está de outro. E nós estamos do lado dos direitos humanos”, afirmou. “Homenagear alguém é dizer o que somos e o que queremos ser”.
Escravo, Nem Pensar!
No evento, aconteceu também o lançamento da nova edição do livro “Escravo, Nem Pensar! – Uma abordagem sobre o trabalho escravo contemporâneo na sala de aula e na comunidade”, publicação da Repórter Brasil. “Para nós, foi importante fazer o lançamento em uma homenagem como esta no Mato Grosso, onde ainda há problemas recorrentes e todo histórico”, disse a educadora Carolina Motoki, responsável pelo escritório da organização em Araguaína, no Tocantins.
Também foi realizada uma mesa de debate com o procurador Marco Aurélio Estraiotto, o coordenador da campanha de combate à escravidão da CPT Xavier Plassat, que participou representando a Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae), e do secretário-geral da Comissão Estadual para a Erradicação do Trabalho Escravo no Mato Grosso (Coetrae-MT) Edimar Roberto Brandini.