Cerca de quinhentas mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam na manhã desta quinta-feira (7) um canteiro de mudas de eucalipto de uma fazenda de propriedade da senadora Kátia Abreu (PSD-TO) em Aliança, Tocantins, localizada às margens da rodovia Belém-Brasília. Na ação organizada pela Via Campesina, as camponesas também interditaram completamente a estrada. O protesto começou por volta das 5 horas e foi encerrado em torno das 8h30.
O ato faz parte da jornada de luta referente ao Dia Internacional da Mulher – que será comemorado nesta sexta-feira (8) -, cujo lema é “Mulheres Sem Terra na Luta contra o Capital e pela Soberania dos Povos!”. “Nossa ação teve o objetivo de denunciar o avanço do agronegócio no Tocantins, especialmente da soja e do eucalipto, e a disparidade de investimento público nos grandes empreendimentos em detrimento da agricultura familiar”, disse à Repórter Brasil Tereza Fernandes, da coordenação estadual do MST. “As mulheres são as principais afetadas, pois elas enfrentam no dia a dia a violência dos grandes projetos. Quando são desagregadas de suas raízes, sofrem muito mais. São as que costumam cultivar em torno da casa, manter a tradição das sementes. Além disso, as empresas que chegam nos pequenos povoados trazem muitos homens, o que acaba incentivando a prostituição. As mulheres são também afetadas diretamente pelo agrotóxico, especialmente as que estão grávidas. E, para completar, algumas mulheres estão sendo absorvidas por essas empresas e ganham menos que os homens.”
Segundo Tereza, a intenção do protesto era dialogar com a sociedade. Por isso, enquanto a rodovia estava trancada, foram distribuídos panfletos explicativos sobre os danos causados pelo agronegócio em Tocantins. “A receptividade dos motoristas foi muito boa. Muitos apoiavam a mobilização”, relata. De acordo com nota divulgada pelo MST, o governo estadual planeja aplicar, para o período 2012-2015, cerca de R$ 1,5 bilhão no Programa de Infraestrutura Hídrica para Irrigação e Usos Múltiplos, projeto que pretende implantar grandes empreendimentos hidro-agrícolas. Já o investimento na agricultura familiar – que, segundo a organização, produz 91% do feijão de corda, 84% da mandioca, 62% do leite e derivados, 62% do feijão, 59% dos suínos, 50% do milho, 48%das aves e 38% do arroz do estado – será de aproximadamente R$ 154 milhões.